De O Globo
A votação de um acordo para a participação do governo brasileiro, ao lado de países europeus, em projeto de pesquisas astronômicas no hemisfério Sul e construção de um telescópio no Chile mostrou novamente o desarranjo da base aliada da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Na contramão do ajuste fiscal que o governo tenta aprovar, PMDB e PSD se uniram ao PSDB e aprovaram o acordo, que exigirá do governo o pagamento de 270 milhões de euros até 2021. No câmbio de hoje, valor próximo a R$ 1 bilhão de reais. O acordo ainda terá que ser aprovado pelo Senado.
Os líderes governistas fizeram apelos para a retirada do projeto de pauta, sustentando que o acordo foi firmado em 2010, no fim do governo Lula, e que há nova negociação para reduzir a contrapartida brasileira. O líder do PMDB, Eduardo Picciani (RJ), encaminhou a favor da aprovação. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), ficou ao lado do PT.
— Vivemos um momento esquizofrênico, vendo o governo não querer votar um acordo assinado. Mas é uma irresponsabilidade — disse Mendonça Filho.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), brincou, dizendo que o DEM estava aderindo à base aliada. Falando como vice-líder do PSDB, o deputado Nilson Leitão (MT), defendeu a aprovação do acordo e disse que um bilhão de reais é “uma fração do Vaccari”, referindo-se ao tesoureiro do PT, envolvido na Operação Lava-Jato.
O líder do PT, Sibá Machado (AC), disse que queria adiar a votação porque o governo está negociando redução nos custos de adesão.