Carlos Brickmann
Na Câmara, entre ser derrotado e despir-se de todos os pudores para fugir do desastre político, o Governo escolheu despir-se dos pudores. E foi derrotado.
Na Petrobras, entre dar novo rumo à Petrobras e garantir o emprego da amiga da presidente, o Governo escolheu a amiga. Só a afastou pela pressão dos fatos. E não tomou uma atitude firme: negou a demissão de Graça Foster quando até os estranhos seres marinhos das profundezas do pré-sal já sabiam de tudo.
Em poucas palavras: a administração é comandada por uma presidente hesitanta, mas que faz questão de botar rédea curta até nos seus poucos bons auxiliares e examina minuciosamenta suas decisões, especialmente as mais lógicas, ameaçando-os com ataques de mau-humor. A articulação política está nas mãos de Aloízio Mercadante, Pepe Vargas e Miguel Rossetto, mas podem chamá-los de Moe, Larry e Curly. Dilma é coerenta e gosta de filmes. No primeiro mandato, tinha Os Três Porquinhos e o ministro Lobão. É: demorou, mas a casa caiu.
E agora? Não é fácil, mas dá para trabalhar. As ações da Petrobras subiram tão logo se soube da demissão de Graça Foster. Não que os investidores a detestassem, mas sua gestão teve problemas demais. Um executivo de bom nível, respeitado, manda para o arquivo a bobagem do prejuízo de US$ 88 bilhões (que nunca existiu) e coloca no balanço algo bem mais palatável – provavelmente, menos de US$ 5 bilhões, uma quantia imensa, mas bem mais razoável.
Quanto aos três articuladores, quem os escolheu foi Dilma. Ela pode cuidar deles.