Segundo ele, um negócio para ter sucesso deve começar pequeno. Realmente pequeno, mínimo, minúsculo. Deve se escolher um mercado muito específico, nicho do nicho, a ponto de se poder ser o único provedor desse mercado: um monopólio de um micromercado. Somente sendo excelente em algo pequeno e limitado, pode-se crescer para buscar um mercado adicional igualmente pequeno, e daí outro e mais outro. Querer entrar de cabeça no mercado todo, mesmo tendo sucesso inicial em um nicho é o que faz muita empresa pequena quebrar nos primeiros anos.
Não adianta querer ir do zero a dez de uma vez. É suicídio. O grande negócio de uma start-up é sair do zero, de zero a um. Daí o título do livro.
Monopólios são bons, segundo Thiel. Isso porque se uma empresa consegue se estabelecer de forma a não ter concorrentes na prática, é porque essa empresa atende o mercado de forma consistente a ponto de seus potenciais concorrentes não conseguirem sequer copiá-lo. E isso é ainda melhor para o consumidor que a competição tradicional. Na verdade se olharmos com esses olhos, a competição nesse monopólio, até existe. O vencedor é que é sempre o mesmo. Note que Peter Thiel se refere aos monopólios resultantes de forma lícita e ética, não de reservas de mercado por via de leis e protecionismo. Esses, sem dúvida são nocivos.
E para se “achar” esse monopólio é necessário “criar” um mercado novo, um “oceano azul”, não explorado antes. Mas apenas fazendo os que os demais fazem, copiando ideias, entrando em mercados existentes, não se cria monopólios. Para se criar o futuro é necessário enxergar o presente de forma diferente, contestá-lo.
Foi com isso em mente que Thiel fundou o PayPal. Cinco anos depois o vendeu por uma pequena fortuna e desde então investe em Start-ups que trazem a mesma visão: criar mercados novos. Thiel está entre os primeiros investidores do Facebook por exemplo.
Obviamente, mercados virgens, jamais explorados são muito mais incertos que os maduros, no entanto quanto mais maduro o mercado, maior a barreira de entrada. Portanto Thiel defende que os lucros maiores estão no empreendedorismo nos mercados virgens onde produtos “beta”, ainda não-maduros podem dar certo.
Segundo Thiel, existem dois tipos de Progresso:
1) Horizontal – expansão das ideias e inovações existentes.
2) Vertical – criação de algo totalmente novo.
Portanto o Progresso Vertical é difícil de se prever dada a incerteza do que ainda não existe. Apenas pessoas que no presente tem capacidade de pensar fora do convencional são capazes de ver algo do futuro.
E é o Progresso Vertical que cria os bons monopólios.
Veja o exemplo do Google. Quando começaram com a ideia de ter um buscador de tudo na internet, esse mercado nem existia e nem se imaginava como poderia gerar lucro. Eles criaram esse mercado e ainda que tenham concorrentes são um verdadeiro monopólio virtuoso de buscas na internet. Evidente que até se tornarem um monopólio, tempo foi necessário. Começaram pequeno e foram crescendo aos poucos. Da mesma forma o Amazon. Começou super específico: apenas livros, por entender que aquele produto/mercado era o mais viável para aplicar sua tecnologia e plataforma de vendas online. Foram conquistando nicho por nicho, primeiro CDs, depois outras categorias, até tornarem-se a gigante das plataformas online de hoje.
Produtos não se vendem sozinhos. Alguém tem de vendê-los.
Da mesma forma, as start-ups precisam venderem-se para conseguir investimentos. E muito da capacidade de se venderem vem da visão de seus fundadores, normalmente pessoas escêntricas, justamente por verem o presente de forma distinta para viabilizar o futuro. Pessoas que veem o Progresso Vertical como possibilidade.
Thiel tem ideias e conceitos similares em alguns pontos com Cham Kim (‘Oceano Azul’) e Chris Anderson (‘Cauda Longa’), com Guy Kawasaki e Jason Fried e até mesmo com Michael Porter.
Bom lembrar que Peter Thiel não é um teórico da Administração, nem busca criar teoria alguma. É um experimentado empreendedor do Vale do Silício com experiências e conceitos muito úteis a compartilhar.
Não por acaso, De Zero a Um de Peter Thiel está entre os Melhores Livros de Negócios de 2014 segundo o Amazon e a Forbes.