Do Blog do Josias
Marta Suplicy faz política de forma inusual. Num universo em que muitos não são o que parecem, ela faz questão de ser e parecer. Enquanto o PT rumina em silêncio suas insatisfações, Marta levou os lábios ao trombone da internet contra a escolha do sociólogo Juca Ferreira para sucedê-la no comando do Ministério da Cultura. Sob Lula, Juca foi secretário-executivo do Ministério da Cultura na gestão de Gilberto Gil. Com a saída de Gil, tornou-se ministro. Nessa época, era do PV. Hoje, é cristão novo no PT. Ao criticar a decisão de Dilma Rousseff de devolvê-lo ao cargo, Marta agigantou-se e apequenou-se simultaneamente. A senadora elevou sua estatura ao proclamar: “A população brasileira não faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu à frente da Cultura brasileira.” Marta encolheu ao sonegar à plateia o detalhamendo dos “desmandos”, terceirizando a incumbência: “O povo da Cultura, que tão bem o conhece, saberá dizer o que isto representa.” De todas as maneiras de não dizer as coisas, a mais desagradável é dizer as coisas pela metade. Já que começou, Marta precisa concluir o serviço. Em respeito à opinião pública e a si própria, está obrigada a dizer o que encontrou contra o companheiro Juca no período em que esteve no Ministério da Cultura. Versada no idioma de Camões, Marta bem sabe que o vocábulo “desmando” possui acepções que começam no dicionário —“desregramento moral, devassidão”— e podem terminar no Código Penal. Ou a senadora conta o que sabe ou acabará reforçando a tese segundo a qual em política nada se perde e nada se transforma —tudo se corrompe. |