Dilma acusa “Veja” de terrorismo eleitoral; TSE nega suspensão da revista

O último programa eleitoral da candidata Dilma Rousseff (PT), exibido nesta sexta-feira (24/10), repercutiu a reportagem de capa de Veja – que teve edição adiantada para hoje – em que acusa a presidente e Luiz Inácio Lula da Silva de terem conhecimento dos atos ilícitos cometidos na Petrobras. No vídeo, ela acusa a publicação de “terrorismo eleitoral” e promete acionar o veículo na Justiça. Em contrapartida, o ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), negou a liminar da campanha “Com a força do povo” que pedia a retirada de circulação da matéria.
Reprodução
Campanha de Dilma pediu veto à reportagem; TSE negou
A publicação se refere a um depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal (PF), na última terça-feira (21/10). Ele, assim como o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, colaboram com a apuração dos desvios de recursos por meio de delação premiada. Ambos  passam pelo crivo de apuração de provas para sustentar as declarações.
De acordo com O Globo, para negar o pedido, Gonzaga justificou que o artigo da lei eleitoral citado na representação para solicitar a retirada do texto do ar não está em vigor nas eleições deste ano. Ele arquivou a representação, sem julgamento do mérito.

Na petição, a campanha petista sustenta que a matéria mencionada é ofensiva à candidata e foi publicada na edição online da semanal. Além disso, argumenta que a revista foi antecipada para “tentar afetar a lisura do pleito eleitoral”.

“A matéria absurda de capa […] imputa crime de responsabilidade à candidata Representante (…) e a mensagem ofensiva da capa da revista tem por objetivo bem delineado: agredir a imagem da candidata Representante”, disseram no texto.

Dilma ameaça processo contra a revista

A candidata à reeleição usou todo seu programa para criticar a reportagem, dizendo que não poderia se calar “frente esse ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista Veja e seus parceiros ocultos”.

Segundo Dilma, a atitude da revista “envergonha a imprensa e agride a nossa tradição democrática”, pois não apresenta “nenhuma prova concreta” sobre as denúncias. A presidente alega que a publicação faz “campanha sistemática” contra ela e Lula e afirma que “desta vez a Vejaexcedeu todos os limites”.

Depois de declarar que  ao fim das investigações punirá aqueles “que mexem com o patrimônio do povo”, reafirmou ser uma “defensora intransigente da liberdade de imprensa”, mas que por conta das falsas denúncias dará a resposta à Veja na Justiça, sugerindo uma ação por danos morais contra o veículo.

Advogado de doleiro desmente a Veja

Questionado sobre a veracidade da informação, o advogado de defesa de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, disse não conhecer o que foi dito pela publicação e alertou para uma suposta “especulação” com o depoimento de seu cliente.

Em entrevista a O Globo, o profissional de direito desmente a informação veiculada por Veja. “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”, afirmou.
Ele conta que Yousseff prestou muitos depoimentos no mesmo dia e estava com advogados da equipe de Basto. “Conversei com todos e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação”, declarou.
O artigo questionado por Gonzaga e citado pela representação foi incluído na Lei das Eleições pela chamada minirreforma eleitoral, que virou lei em 2013. Pelo curto prazo de tempo, a Justiça Eleitoral entende que, conforme o entendimento do magistrado, ela não vale para estas eleições.

Resposta da Veja
No fim da tarde desta sexta-feira, a revista Veja publicou uma resposta às declarações da presidente no horário eleitoral. “Em respeito aos leitores”, o texto destaca seis pontos de “correções e considerações” sobre o que foi dito por Dilma.
Confira a resposta na íntegra:
“1) Antecipar a publicação da revista às vésperas de eleições presidenciais não é exceção. Em quatro das últimas cinco eleições presidenciais, VEJA circulou antecipadamente, no primeiro turno ou no segundo.
2) Os fatos narrados na reportagem de capa desta semana ocorreram na terça-feira. Nossa apuração sobre eles começou na própria terça-feira, mas só atingiu o grau de certeza e a clareza necessária para publicação na tarde de quinta-feira passada.
3) A presidente centrou suas críticas no mensageiro, quando, na verdade, o cerne do problema foi produzido pelos fatos degradantes ocorridos na Petrobras nesse governo e no de seu antecessor.
4) Os fatos são teimosos e não escolhem a hora de acontecer. Eles seriam os mesmos se Veja os tivesse publicado antes ou depois das eleições.
5) Parece evidente que o corolário de ver nos fatos narrados por Veja um efeito eleitoral por terem vindo a público antes das eleições é reconhecer que temeridade mesmo seria tê-los escondido até o fechamento das urnas.
6) Veja reconhece que a presidente Dilma é, como ela disse, “uma defensora intransigente da liberdade de imprensa” e espera que essa sua qualidade de estadista não seja abalada quando aquela liberdade permite a revelação de  fatos que lhe possam ser pessoal ou eleitoralmente prejudiciais.”

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