Dilma convoca Lula, Aécio pede união da oposição e Marina sinaliza apoio ao tucano

O eleitores brasileiros decidiram, neste domingo, que PT e PSDB farão, pela quarta vez na História, uma disputa pelo segundo turno da Presidência, marcada para 26 de outubro. Candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), fez seu discurso para comentar o resultado do primeiro turno, agradecendo, especialmente ao PT e ao ex-presidente Lula. Já Aécio Neves (PSBD) pediu uma união da oposição, enquanto Marina, em entrevista coletiva em São Paulo sinalizou uma tendência ao tucano. Perguntada se vai assumir uma neutralidade como em 2010, a candidata do PSB, que ficou em terceiro lugar, fez uma pausa e respondeu: “Minha postura quando não foi feito o registro da Rede pode ser uma tendência. Assumi um compromisso com a mudança. O que determinou compromisso com Eduardo Campos foi com o programa”.

Por volta das 22h, em Brasília, Dilma comentou os 41,55% dos votos que recebeu, que lhe garantiram uma vaga no segundo turno.

— Sem o presidente Lula, eu não teria chegado aonde cheguei. Não teria conseguido realizar meu sonho de fazer um Brasil melhor. Como dizíamos, a luta continua, uma luta que, sem dúvida, será vitoriosa, porque é a luta do povo brasileiro — comentou Dilma, agradecendo, ainda, aos aliados. — Queria cumprimentar meu vice-presidente, Michel Temer. Rui Falcão e o presidente do PC do B, Renato Rabello.

Já Aécio Neves (PSBD), por volta das 21h, em Belo Horizonte, fez o primeiro comentário sobre os quase 34% de votos que recebeu no país e que o levaram ao segundo turno em uma virada sobre Marina.

— Eu me sinto extremamente honrado em poder representar esse sentimento. É o projeto dos brasileiros que querem ver o Brasil voltando a crescer, gerando empregos — disse o candidato ao lado de sua mulher, Letícia, e de Antonio Anastasia, senador eleito em Minas. — O êxito da campanha foi a verdade, temos o melhor projeto para o Brasil. A partir de amanhã (segunda-feira), vamos intensificar a campanha, é a hora de renovar forças.

Dilma foi recebida no palaque e foi interrompida em alguns momentos por militantes, que gritavam o bordão “O povo unido jamais será vencido”.

— Mais uma vez, o povo brasileiro me honrou com sua confiança ao me dar a vitória nesta disputa de primeiro turno. Na nossa trajetória, é a sétima vitoria: duas da primeira eleição do presidente Lula, duas da segunda eleição dele, duas da minha eleição e, agora, neste primeiro turno. Ao celebrar essa vitória, minhas palavras são de agradecimento, porque temos obrigação de agradecer ao eleitor, que saiu de suas casas e foram às urnas registrar seus votos. Sinto-me fortemente como se deles eu tivesse recebido uma mensagem, um recado simples que eu devo seguir em frente, que eu devo continuar nessa luta com cada um desses eleitores.

Nas últimas pesquisas, o tucano superou Marina Silva (PSB) e o resultado se repetiu nas urnas.

— Vamos acreditar que é possivel, como sempre acreditei — comentou, com muita confiança, citando seu avô, Tancredo Neves, e deixando em aberta a opinião sobre um possível apoio de Marina. — Como dizia meu avô, não vamos nos dispersar, estamos no meio da caminhada. Todos aqueles que tiverem contribuição são bem-vindos. Queremos dar um governo honrado e digno.

Apesar de não ter sido claro sobre um pedido de apoio a Marina, ele homenageou Eduardo Campos, morto em agosto, e comentou a perda de Pimenta da Veiga no governo de Minas.

— Quero aqui, desde já, deixar uma palavra de homenagem muito pessoal, a um homem público muito honrado que foi abatido no meio da campanha: Eduardo Campos. A ele minha reverência — disse, enviando também palavras ao candidato eleito ao governo, Fernando Pimentel. — Ao novo governador de Minas Gerais, pelo amor que tenho por este estado, que tenha êxito.

Marina deixou claro que entendeu o desejo de mudança manifestado pelos eleitores:

— A postura que eu tive quando não foi aceito registro da Rede pode ser uma tendência. Eu assumi um compromisso com a mudança indo apoiar o Eduardo Campos (…) O Brasil sinalizou que não concorda com esse projeto, que quer uma mudança qualificada, temos uma clareza do que representamos. Nós vamos fazer essa discussão, os partidos individualmente e depois vamos dialogar, mas estatisticamente a sociedade mostra isso, não há de tergiversar com o sentimento de 60% dos eleitores — disse ela.
oglobo

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