A DESPEDIDA DO POETA ARTHUR BENEVIDES

O poeta foi velado no Palácio da Luz, sede da ACL

Poeta, ensaísta e contista, Artur Eduardo Benevides morreu na manhã deste domingo (21), às 11h, de falência múltipla dos órgãos. Aos 91 anos, o escritor vinha passando por uma série de internações há cerca de quatro meses. O velório aconteceu no Palácio da Luz, onde funciona a sede da Academia Cearense de Letras (ACL) na presença de parentes, amigos e outros imortais.

“Era um homem de currículo muito rico na literatura brasileira, premiado em Coimbra. Ele só deu glória a literatura do Ceará”, comentou Fred Benevides, primogênito dos quatro filhos do escritor que fez questão de salientar que, dos 49 livros escritos pelo pai, 36 foram premiados por órgãos locais ou nacionais.

Fred lembra que, de todos os títulos que Artur Eduardo Benevides recebeu, o que mais orgulhava o poeta era o de Príncipe dos Poetas Cearenses, conferido, anteriormente, a Padre Antônio Tomás, Cruz Filho e Jáder de Carvalho. “Ele morreu exercitando sua sabedoria. Enquanto ele esteve doente, não gostava de receber visitas por que não queria ser visto fora do seu apogeu”, lembrou o filho.

Para Regina Fiúza, secretária da ACL e sobrinha de Artur Eduardo Benevides, o poeta era um erudito de primeira e certamente deve ser citados como um dos maiores do Brasil. “Ele transformou a Academia no que ela é hoje”.

Regina começou a trabalhar com Artur na época que ele era presidente da entidade literária e estava montando a comemoração de 100 anos da casa. “Sua grande preocupação era por que a Rachel de Queiroz (1910 – 2003) era da Academia Brasileira de Letras e não era da Cearense, por que não residia no Ceará. Pois a posse dela foi na festa de 100 anos da ACL”, lembra emocionada.

Artur Eduardo Benevides nasceu em Pacatuba, a 32km de Fortaleza, no dia 25 de julho de 1923. Caçula dos 16 filhos de Artur Feijó Benevides com Maria do Carmo, Eduardo Benevides começou os estudos em sua terra natal, vindo depois para a Capital, onde se formou bacharel em Direito e Letras.

Foi um dos fundadores do Clã, grupo literário formado por escritores modernistas em 1943. Ao lado, estavam nomes como Eduardo Campos, Antônio Martins Filho e Moreira Campos. O cearense foi também professor da Faculdade Católica de Filosofia e Faculdade de Letras, além de diretor do Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará. Por três anos ainda dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros, na Argentina, tempo em que sempre comentava a saudade que sentia do Ceará.

O autor de Canto de amor ao Ceará ingressou na ACL em 1957, ocupando a cadeira 40. Foi presidente da entidade entre 1993 e 2004, período em que abriu as portas do Palácio da Luz para vários entidades culturais que não tinham onde se reunir, como União Brasileira dos Trovadores, Sociedade Amigos do Livro e Academia Cearense da Língua Portuguesa.

“É um profundo pesar pela perda de uma personalidade literária quase insubstituível, um verdadeiro imortal pela obra e pela trajetória”, lamentou José Augusto Bezerra, presidente da ACL, destacando a destreza do escritor em vários estilos literários.

“Especialmente, o classifico como o maior poeta que o Ceará já produziu. Era um amigo, um mestre, uma referência para todos nós acadêmicos. Um companheiro de sonhos. Me gratificou tê-lo como companheiro nessa jornada”, acrescentou. A missa de corpo presente de Artur Eduardo Benevides acontece hoje às 9h30, na sede da ACL. Em seguida, o corpo segue para o Cemitério São João Batista, onde será enterrado às 11h.

Era um poeta de temas eternos. Com certeza, pelo reconhecimento da crítica, ele foi um expoente da poesia que só glória ao Ceará

Fred Benevides, apresentador e filho de Artur Eduardo Benevides

Não só a poesia, mas o Ceará perde um grande homem de letras. Quem faz literatura no Ceará se sente orfão pela perda de uma figura como ele

João Soares Neto, empresário e imortal da ACL

O Artur foi um intelectual ético e muito querido. Ele foi um grande companheiro, tanto na Universidade quando na Academia

Angela Gutierrez, escritora

Era um Dom Quixote da literatura, um companheiro de sonhos. Era um amigo, mestre e referência para todos nós acadêmicos

José Augusto Bezerra, presidente da ACL

Tão relevantes quanto os prêmios literários foram sua atuação como professor e o trabalho que desenvolveu em prol da literatura cearense

Paulo Mamede, secretário da Cultura do Ceará

Era um erudito de primeira e um dos maiores de Brasil. Sua poesia era muito rica em metáforas. Além disso, tinha um grande amor por Fortaleza

Regina Fiúza, secretária da ACL

 

fonte:opovoonline

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *