O caleidoscópio por Maria Helena RR de Sousa

   Por Maria Helena RR de Sousa

Em 1817 um escocês, Sir David Brewster, criou um objeto que teve a particularidade de ser um lindo e criativo brinquedo para crianças e adultos.

Simples, fácil de fazer, ele permite a observação de imagens de pura beleza. Levou anos como um dos presentes favoritos para crianças de todas as idades… até que a tecnologia inundou o mundo com objetos tão sofisticados, com som e imagem, que o caleidoscópio foi ficando lá no fundo da loja de brinquedos, e passou a ser pouco vendido.

Seu nome, caleidoscópio, vem da junção de três palavras gregas: kalos, belo, bonito;eidos, imagem, figura; e scopeo, olhar, observar. É um pequeno tubo, de cartão ou metal, com pequenos pedaços de vidro colorido e espelhos. Ao olhar por uma das pontas, a luz que entra pela outra ponta do tubo reflete nos espelhos e forma padrões diferentes, com os pedacinhos de vidro, a cada vez que sacudimos o tubo.

Dizem por aí que 150 anos após ser criado, ele voltou a aparecer nas prateleiras das lojas de brinquedos. Ainda bem. Justamente por ser mudo, o caleidoscópio, ao nos apresentar as imagens formadas pelos vidrinhos, deixa a imaginação livre, sem comandos externos, o que só estimula a inteligência e a criatividade de seu dono.

Se tem alguém lendo até aqui, há de se perguntar: e nós com isso? Pois explico: ultimamente, todas as vezes que leio ou ouço o noticiário, lembro-me do caleidoscópio. Só que esse seria um cacoseidoscópio. Palavra feia, não? Com um som meio estranho. Mas é a que se adapta ao que sinto cada vez que leio ou ouço as notícias. Daí o cacós, feio em grego.

As campanhas políticas, antes mesmo de pegar embalo, já vêm com o feio atrelado às costas. O aeroporto em Cláudio, MG, francamente, o que é aquilo? E as explicações? E o candidato achar que já se explicou, tipo, quem quiser que acredite? O eleitor, este bobinho, tem que aceitar a explicação, mesmo quando não decola, segundo feliz achado de Elio Gaspari?

Aparece no cacoseidoscópio outra imagem: o deputado federal José Augusto Maia (PROS-PE) afirma que recusou uma proposta de “vantagem financeira” do seu partido e do PP em troca de apoio a Paulo Câmara, candidato de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco. O senhor Maia gritou um Não! bem alto no dia em que foi ofendido pela proposta? Ou só reagiu à proposta que chama de indecorosa e não republicanaquando ficou evidente que não teria o apoio do partido para sua reeleição?

Mas o noticiário não dá trégua e ao sacudir o cacoseidoscópio vejo que o TCU acusou a diretoria da Petrobrás au grand complet, menos dona Dilma, justamente a pessoa cuja assinatura carregava o maior peso. O que é isso? É uma maneira subliminar de nos chamar de trouxas?

 

Leia a íntegra em O caleidoscópio

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *