Educação do Cabo no fundo do poço 

Por Paulo Farias do Monte

“Nasci em 1970, aqui no Cabo de Santo Agostinho, e aos quatro anos de idade descobri a magia da leitura. Iniciei os estudos na Escola de D. Zefinha, hoje com 88 anos, mestra que sempre ensinou que o melhor caminho para o aprendizado e formação do homem, do cidadão só realizar-se-ia, através da leitura.

Em 1979, o Governo do Estado construiu uma Escola Estadual Polivalente Emídio Cavalcanti de Albuquerque para onde fui transferido e me encantei com a ampla biblioteca. Vários jovens saíram daquela escola para a universidade e hoje ocupam lugares de destaque, como o historiador e crítico literário de renome Mário Hélio.

Faço essa breve introdução para lamentar e denunciar que as pessoas que comandam a educação do meu município, hoje, privilegiam as futilidades em detrimento do ensino de qualidade, não só formadores de homens de sucessos, mas de seres humanos sadios, o que só é possível através da leitura.

A Prefeitura do Cabo, através da sua Secretaria de Educação, pasmem, está realizando um concurso para eleger a melhor selfie, para premiar os alunos no dia do estudante.

Quem quer e pretende formar grandes homens realiza um concurso de redação, uma gincana de conhecimentos gerais, como muitas que participei na Escola Polivalente de Ponte dos Carvalhos.

Preterir um bom concurso de redação por um concurso de selfie é privilegiar a futilidade e eleger a mediocridade. Temo, há muito, pelo futuro de nossos jovens com nossa educação comandada por gente tão descompromissada. Com certeza, a depender do Prefeito Vado e do Secretário de Educação Elias Santos, nossas escolas não produzirão excelências como Mário Hélios, e sim meia dúzia de medíocres.

É lamentável e, acima de tudo, crime eleitoral, uma vez que não se pode dar brindes, em período eleitoral. Pelo amor de Deus, salvem nossas crianças.”

Paulo Farias do Monte – Estudou na Escola Polivalente de Ponte dos Carvalhos e é advogado.