FIQUE ATENTO

 

A questão regional do Nordeste brasileiro vem se tornando, ultimamente, assunto da ordem do dia nos mais diversos ambientes institucionais da Região. Com muitas preocupações as lideranças empresariais, políticas e governamentais locais retomam essa discussão, depois de longo período “hibernando”. Voltam com força para provocar debates com vistas a uma revisão das políticas de intervenções articuladas, com vistas ao desenvolvimento socioeconômico desta parte do Brasil que, não obstante esforços anteriores, continua a requerer especiais atenções.
Também, pudera, há muito tempo não se fala em política de desenvolvimento regional neste país. Sai governo, entra governo e o assunto vem sendo posto à margem das discussões e decisões nacionais, como se o Nordeste não fosse parte desse todo nacional. Ações pontuais são anunciadas com grande estardalhaço e muita politicagem, mas os efeitos são quase sempre desconhecidos ou “empurrados com a barriga”. O que mais se vê são obras no papel, outras paralisadas ou caminhando a passos de tartaruga. Exemplos disso são as construções da Ferrovia Transnordestina, do Canal da Transposição do São Francisco, a falta das linhas de transmissão da energia gerada nos Distritos de Eólicas e a duplicação da BR-101 no litoral da Região. Como o Nordeste não pode ir para frente apenas com obras esparsas é preciso que se exija, urgentemente, das autoridades governamentais uma intervenção harmônica capaz de contemplar programas de desenvolvimento regionais, respeitando as peculiaridades de cada espaço especifico do território e sem perder de vista seu todo. As atuais discussões, portanto, são oportunas.
Participando de alguns desses debates, recordo as opiniões de dois ilustres nordestinos – Tânia Bacelar e João Paulo dos Reis Veloso – que têm alertado para o fato que existem vários nordestes. Concordo com esses importantes pensadores sobre a problemática regional. De algum modo eles lembram que existem ilhas de relativas prosperidades, encravadas num ambiente maior onde a pobreza grassa de forma renitente e o progresso é pura utopia para os que lá vivem.
Duas iniciativas recentes são dignas de registro: a primeira, sobre a qual já tive oportunidade de falar neste espaço do Blog do GB, é o Integra Brasil conduzido de forma competente pelos empresários reunidos no Centro das Industrias do Ceará – CIC, levando o debate às mais importantes praças da Região, e o Fórum Sudene 2030, realizado esta semana aqui o Recife. O primeiro pretende chegar a uma proposta de política regional de desenvolvimento e o segundo tentou discutir um cenário para 2030.
Se por um lado, Tânia Bacelar mostra, com expressivos dados, o que há de bom e de ruim, na Região de hoje, e convida para uma reflexão sobre os atuais fatores que ameaçam o futuro desenvolvimento regional, por outro lado, Reis Veloso se sai com uma bombástica mensagem garantido que o Piauí, ao contrário do que se diz corriqueiramente, é justamente o lado rico do Nordeste. Ora, vejam só, quem diria? Respeitando a inteligência do orador – isto foi no Fórum da Sudene, esta semana que termina – e o fato de ser ele um piauiense de boa cepa, é preciso ter muito  cuidado na interpretação do que foi dito. Percebi que a referencia básica dessa tese foi o fato de que ali (no Piauí) não se padece do fenômeno das secas como no restante da Região. Trata-se de uma terra fértil, banhada por uma rede hidrográfica diferenciada e capaz de produzir riqueza e bem-estar social. Está na hora, então, de se explorar melhor as potencialidades daquele espaço privilegiado. O Nordeste vai agradecer a contribuição.
Num recente debate, em Salvador (BA), durante seminário do Integra Brasil, agreguei uma palavra nova ao meu vocabulário: Mapitoba. Fiquei intrigado quando ouvi pela primeira vez. Mais ainda ao constatar que a assistência tinha intimidade com o termo/palavra. Foi quando veio a explicação. Senti-me alienado. Trata-se de uma região rica e cheia de potencialidades, na grande parte do Nordeste e parte menor do Norte. É a nova fronteira agrícola do Brasil, definida pela junção das divisas dos Estados do Maranhão (MA), Piauí (PI), Tocantins (TO), e Bahia (BA). Agora junte as siglas MA+PI+TO+BA. Soja e Arroz é o ouro da área. 14 Milhões de Toneladas, em 2012. Espera-se 20 Milhões, em 2022. Detalhe: se tivéssemos infraestrutura adequada essa riqueza não estaria vazando pelas rodovias e portos do Sudeste. Olha a falta que faz uma Transnordestina ou uma rede de navegação fluvial. Infraestrutura, gente, que não temos.

Por tudo isso é chegada a hora de colocar “a boca no trombone” outra vez. Quem for nordestino fique atento.

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