Brasil despenca em ranking de competitividade

Um relatório divulgado nesta semana por um dos mais respeitados centros de ensino na Suíça indicou que o Brasil é um dos países menos competitivos do mundo. De 2012 para 2013, o país caiu do 46º para o 51º lugar entre 60 nações analisadas pela escola de negócios IMD. Na comparação entre o ano passado e 2011, o Brasil já havia recuado duas posições no ranking.

O relatório, chamado IMD World Competitiveness Yearbook, analisa o gerenciamento das competências de cada país na busca por mais prosperidade. “A competitividade de uma economia não pode ser reduzida apenas a PIB e produtividade; cada país ou empresa também tem que lidar com dimensões políticas, sociais e culturais”, diz o documento. “Cada nação tem que criar um ambiente que tenha a estrutura, as instituições e as políticas mais eficientes para encorajar a competitividade dos negócios”, destaca outro trecho.

Baseados em dados disponíveis e pesquisas próprias, o ranking avaliou o desempenho de cada país em quatro áreas: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura. A liderança da lista foi ocupada pelos Estados Unidos, que desbancaram Hong Kong e voltaram ao topo, enquanto que a Venezuela foi considerado o menos competitivo dos países pesquisados.

Economia baseada em consumo
O Brasil também foi um dos que mais perderam posições desde que o ranking global de competitividade, incluindo países desenvolvidos e emergentes, começou a ser compilado pelo instituto, em 1997. Naquele ano, o país ocupava a 34º colocação entre 46 países.

Entre as nações que mais ganharam posições (cinco ou mais) no ranking, estão China, Alemanha, Coreia do Sul, México, Polônia, Suécia, Suíça, Israel e Taiwan. Além do Brasil, Argentina, Grécia, Hungria, Portugal, África do Sul, entre outros, registraram as maiores quedas. “O Brasil deixou de fazer reformas importantes que, se postas em prática, poderiam aumentar a competitividade do país frente a outras nações do globo”, afirmou à BBC Brasil o diretor do centro de competitividade mundial do IMD, Stéphane Garelli.

“Além disso, o país possui uma economia mais baseada no consumo do que na produção. Como resultado, deixou de priorizar investimentos em setores em que poderia ser se tornar competitivo”, acrescentou.

Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador no Brasil dos estudos do World Competitiveness Yearbook do IMD, concorda. Ele acredita que falta ao Brasil ações de longo prazo.

“O Brasil teve ganhos importantes nos últimos anos, mas corremos o risco de perdê-los se continuarmos pensando a curto prazo”, vaticinou.

Garelli, do IMD, acrescenta que outras nações latino-americanas, como Chile, Argentina ou Venezuela também vêm perdendo terreno e sendo “desafiadas” por economias emergentes da Ásia, mais competitivas. O mesmo aconteceu, segundo ele, com alguns países da Europa, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia, fortemente atingidos pela crise financeira mundial.

Para o especialista, tais nações não diversificaram suficientemente suas indústrias ou controlaram os gastos públicos, de modo que, agora, têm de enfrentar fortes pacotes de austeridade fiscal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *