Politização dos casos Brazão e Musk ofusca discussão sobre erros do STF

Tribuna da Internet | Supremo precisa de autocrítica, para evitar novos conflitos de competência

Charge do Bessinha (Conversa Afinda)

Renata Galf
Folha

Episódios recentes envolvendo o STF (Supremo Tribunal Federal), como a prisão preventiva do deputado federal Chiquinho Brazão e a inclusão do dono do X, Elon Musk, no inquérito das milícias digitais suscitam importantes questionamentos jurídicos, que têm, entretanto, ficado em segundo plano, ofuscados pelo embate político levantado por grupos à direita e à esquerda.

Brazão (ex-União Brasil-RJ) foi preso em março por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Os magistrados da Primeira Turma da corte já haviam ratificado a ordem do ministro e, na última quarta-feira (10), por 277 a 129 votos, a Câmara aprovou a manutenção da prisão.

MAU PRECEDENTE – No debate político, de um lado a direita disse temer a criação de um precedente que pudesse ser usado no futuro e queria, com eventual soltura do parlamentar, mandar um recado ao Supremo. De outro, parlamentares da esquerda defenderam que Brazão seguisse preso, clamando por justiça e contra a impunidade.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes tem paralelos com a prisão do senador Delcídio do Amaral (então no PT-MS), ordenada em 2015 pelo então ministro do Supremo Teori Zavascki no contexto da — àquela altura ainda aclamada — Operação Lava Jato.

Apesar das diferenças entre os dois casos, ambas as detenções levantam o debate sobre como o STF interpreta a Constituição, que diz que os membros do Congresso Nacional “não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável”.

CASO MUSK – Também quanto à inclusão de Elon Musk como investigado no inquérito no STF, a discussão ficou restrita à polarização política. Assim como em outros casos em que tomou decisões controversas, neste episódio o ministro Moraes não foi alvo de críticas da esquerda.

Na direita, por outro lado, o empresário que disse que descumpriria decisões judiciais brasileiras foi aclamado e tratado como herói. Em postagens no X, Musk também chegou a questionar Moraes quanto ao porquê de “tanta censura no Brasil” e defendeu o impeachment do ministro.

Em paralelo, ministros do STF voltaram a se manifestar fora dos autos, inclusive para posicionamentos sobre regulamentação das redes sociais. Ficaram sem serem debatidas a instauração de mais um inquérito de ofício e sua distribuição sem sorteio para a relatoria de Moraes, que é juiz e vítima.

ATO IMPENSADO – Tatiana Badaró, advogada criminalista e doutora em direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), considera que seria preciso um conjunto de elementos para além daqueles tuítes para uma medida grave como a abertura de um inquérito.

Juliana Cesario Alvim, professora de direito da UFMG e da Central European University, avalia de modo geral que, ao passo que a corte construiu uma espécie de jurisprudência de emergência para lidar com ameaças à democracia, é preciso estabelecer certos limites.

“É importante que isso seja demarcado. O que é o excepcional? E o que é o excepcional que corre risco de virar cotidiano?”, questiona.

SEM JUSTIFICATIVA – O professor de direito da USP (Universidade de São Paulo) Rafael Mafei vê uma instrumentalização da pauta da liberdade de expressão por parte de Musk e ressalta que o empresário não pode descumprir decisões tampouco ameaçar pessoas. Ele não vê, no entanto, que nos posts de Musk já haveria elementos justificando relevância criminal.

Já no caso da prisão do deputado, Mafei entende que, ainda que seja possível debater a argumentação jurídica do caso, a análise da Câmara quanto a prisão é o aspecto mais importante a ser respeitado e que ele carrega uma dimensão política.

Parte dos deputados defendia a soltura de Brazão, sob o argumento de que Moraes tem violado prerrogativas de parlamentares.

Um desesperada canção de amor, na poesia de J.G. de Araújo Jorge

Poesias de JG de Araújo Jorge, página 7. Coletânea.

Araújo Jorge, um poeta romântico

O advogado, político e poeta acreano José Guilherme de Araujo Jorge (1914-1987) ou, simplesmente, J. G. de Araújo Jorge, foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra romântica mas, às vezes, dramática, como no poema “Canção do meu abandono”.

CANÇÃO DO MEU ABANDONO
J. G. de Araújo Jorge

Não, depois de te amar não posso amar ninguém!
Que importa se as ruas estão cheias de mulheres
esbanjando beleza e promessa
ao alcance da mão?
Se tu já não me queres
é funda e sem remédio a minha solidão.

Era tão fácil ser feliz quando tu estavas comigo!
Quantas vezes, sem motivo nenhum, ouvi o teu sorriso
rindo feliz, como um guiso
em tua boca?

E todo momento
mesmo sem te beijar eu estava te beijando:
com as mãos, com os olhos, com os pensamentos,
numa ansiedade louca!

Nossos olhos, meu Deus! nossos olhos, os meus
nos teus,
os teus
nos meus,
se misturavam confundindo as cores
ansiosos como olhos
que se diziam adeus…

Não era adeus, no entanto, o que estava em teus olhos
e nos meus,
era êxtase, ventura, infinito langor,
era uma estranha, uma esquisita, uma ansiosa mistura
de ternura com ternura
no mesmo olhar de amor!

Ainda ontem, cada instante era uma nova espera…
Deslumbramento, alegria exuberante
e sem limite…

E de repente,
de repente eu me sinto triste como um velho muro
cheio de hera
embora a luz do sol num delírio palpite!

Não, depois de te amar não posso amar ninguém!

Podia até morrer, se já não há belezas ignoradas
quando inteira te despi,
nem de alegrias incalculadas
depois que te senti…

Depois de te amar assim, como um deus, como um louco,
nada me bastará, e se tudo é tão pouco…
… eu devia morrer…

Supremo em clima de alta tensão, com Barroso enfrentando Moraes e Gilmar

Deltan Dallagnol: O STF elegeu Lula

Moraes e Gilmar estão unidos para enfraquecer Barroso

Matheus Teixeira e Julia Chaib
Folha

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, se indispôs com os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes em julgamentos nos últimos meses e colocou em risco seu poder de articulação no tribunal na posição de chefe da corte.

Barroso derrotou Moraes e viu suas teses saírem vitoriosas em ações sobre a chamada revisão da vida toda do cálculo de aposentadorias e outra relativa a sobras eleitorais que poderia levar à troca de sete deputados na Câmara dos Deputados.

Já Gilmar ficou irritado com após a interrupção da análise de ampliação do foro especial na corte, tese defendida pelo decano. Barroso paralisou o julgamento ao pedir vista (mais tempo para análise) quando já havia quatro votos a favor. O caso agora está parado por pedido de André Mendonça.

SOBRAS ELEITORAIS – No tema das sobras eleitorais, Barroso e Moraes se desentenderam e protagonizaram no plenário um diálogo ríspido. Depois, longe das câmeras, o clima esquentou ainda mais e o bate-boca prosseguiu.

Ministros relataram à Folha sob reserva que a irritação de Moraes ficou maior porque Barroso teria articulado nos bastidores a mudança de posição do ministro Luiz Fux, que foi decisiva para o resultado do julgamento –o placar acabou em 6 a 5.

Menos de um mês depois, o presidente do Supremo articulou outro revés ao colega. Em 2022, Moraes apresentou uma tese, que saiu vencedora, para autorizar a revisão mais benéfica para incluir salários antigos, pagos em outras moedas, no cálculo das aposentadorias.

Neste ano, diante da mudança de composição do tribunal, o presidente pautou no plenário um recurso à decisão do ano retrasado e reverteu a regra que havia sido determinada sobre o tema. A mudança de entendimento alivia as contas do governo federal, que via na revisão o potencial de impacto de R$ 480 bilhões.

CONSEQUÊNCIA – As duas derrotas impostas a Moraes já tiveram uma consequência. Barroso pediu vista (mais tempo para analisar o processo) no julgamento sobre ampliação do foro especial em 29 de março.

Já havia quatro votos para mudar a regra atual, formulada por Barroso em 2018 e representou uma das principais marcas de sua atuação no Supremo desde que tomou posse na corte, em 2013.

Pela praxe, quando há pedido de vista, os integrantes do tribunal que ainda não haviam votado aguardam a retomada da análise do tema para anunciarem sua posição. Nesse caso, porém, Moraes atropelou o colega e antecipou seu voto para se alinhar a Gilmar e ampliar as hipóteses de investigações perante o STF contra autoridades.

ELOGIO A TEMES – Além disso, discurso de Moraes em um evento de homenagem ao ex-presidente Michel Temer, que o indicou para a corte, também foi interpretado como recados do ministro ao presidente da corte.

“Todas as injustiças dolosas que fizeram contra o seu governo não foram capazes de apagar as marcas, as reformas que foram aprovadas”, disse.

Barroso foi o relator de inquérito contra Temer quando ele era chefe do Executivo e deu duras decisões contra o então presidente em apurações sob suspeita de esquema ilegal no Porto de Santos, inclusive determinando a prisão de aliados do emedebista, em 2018. Em uma ordem judicial, afirmou que havia no caso “possível cometimento de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa/organização criminosa a eles correlatos”.

GILMAR IRRITADO – Foi também o julgamento do foro que suscitou a irritação de Gilmar com o presidente da corte. O magistrado, que é o decano da corte, não gostou do fato de Barroso ter interrompido a apreciação da matéria quando já havia quatro votos e se desenhava a formação de maioria.

O decano fez críticas ao colega nos bastidores. Ao final, no entanto, o presidente do tribunal não demorou a devolver o caso e ainda se alinhou a Gilmar em sua tese.

Em 2018, o STF decidiu que, em casos de autoridades com foro, apenas crimes cometidos durante o mandato e relacionados ao exercício do posto deveriam tramitar na corte. Agora, Gilmar propôs a ampliação da regra para determinar que a prerrogativa de foro para “crimes praticados no cargo e em razão das funções subsiste mesmo após o afastamento do cargo, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados depois de cessado seu exercício”. Barroso acompanhou por entender “adequado definir a estabilização do foro, mesmo após a cessação das funções”.

RISCO PARA BARROSO – Nos bastidores, a avaliação é que é um risco para Barroso se desentender com os dois colegas por se tratar, atualmente, dos membros do tribunal mais influentes dentro da corte e também na relação com os outros Poderes.

Ambos foram decisivos, por exemplo, nas escolhas pelo presidente Lula (PT) de Flávio Dino para o STF e de Paulo Gonet na PGR (Procuradoria-Geral da República).

A atuação dos dois é criticada por outros ministros em conversas reservadas por haver uma avaliação de que, às vezes, eles extrapolam suas atribuições jurisdicionais para influenciar o mundo político e fazer valer suas vontades dentro do tribunal.

Elon Musk diz que Moraes tentou envolver X em sua corrupção

Ao contrário do que disse o presidente do STF, está longe dessa briga ser “página virada”

Ministro Alexandre de Moraes Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Nesta segunda-feira (15), o empresário Elon Musk, proprietário da rede social X, deixou ainda mais nítido que não vai desistir de sua busca pela liberdade do Brasil e mirou novamente no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele declarou que a legislação dos Estados Unidos não permite que as leis de outras soberanias sejam violadas e citou o magistrado brasileiro.

O bilionário fez tal declaração em resposta a uma publicação da equipe institucional de sua plataforma sobre ter enviado um parecer ao Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA a respeito das decisões do STF.

– As leis dos Estados Unidos impedem o Twitter/X de participar de corrupção que viole as leis de outros países – disse Musk.

Em seguida, ele completou:

– É o que Alexandre de Moraes exige que façamos.

Padre e fiéis são esfaqueados em missa transmitida ao vivo

Homem se aproximou do altar e atacou o líder católico, que é famoso na Austrália

Caso aconteceu em Sydney Foto: Reprodução / Print de vídeo / X

Um padre e vários paroquianos foram esfaqueados nesta segunda-feira (15) por um homem, que foi detido, durante uma missa em uma igreja cristã em Sydney, na Austrália. A reunião estava sendo transmitida ao vivo pela internet.

De acordo com as autoridades, ninguém sofreu ferimentos com risco de morte e todos estão sendo tratados pelos serviços de emergência.

Em comunicado, a polícia do estado de Nova Gales do Sul, cuja capital é Sydney, comentou que o homem preso está cooperando com a investigação, sem dar mais detalhes sobre a causa do incidente.

O ataque, que ocorreu por volta das 19h (hora local; 6h em Brasília) na Igreja do Bom Pastor, no distrito de Wakeley, foi cometido enquanto a cerimônia religiosa era transmitida ao vivo em redes sociais.

O vídeo mostra um homem vestido de preto se aproximando do altar e esfaqueando o padre várias vezes, inclusive no chão, enquanto os paroquianos correm para ajudá-lo e conseguem parar o agressor.

https://twitter.com/i/status/1779822352752054772

Identificado como Mar Mari Emmanuel, o padre conta com milhares de seguidores em redes sociais e se popularizou durante a pandemia de Covid-19 por causa de seus sermões contra as vacinas e a população LGBT+, segundo o jornal The Sydney Morning Herald.

O Serviço de Ambulâncias regional transferiu o religioso, de aproximadamente 65 anos, a um hospital, enquanto três pessoas com ferimentos nos braços e mãos foram atendidos no local, informou o canal público ABC.

Depois do incidente, houve distúrbios ao redor da igreja, localizada em uma comunidade multicultural no oeste de Sydney, entre as autoridades e uma multidão que pedia a entrega do responsável do ataque, segundo vídeos divulgados em redes sociais.

– Está sendo realizada uma grande resposta policial e o público está sendo orientado a evitar a área – comunicou a polícia.

Esse esfaqueamento ocorreu cerca de 48 horas depois de outro incidente similar em um centro comercial na cidade australiana, que deixou sete pessoas mortas, incluindo o agressor. A polícia descartou que o ataque de sábado tenha sido terrorista e investiga nesta segunda se foi um feminicídio.

*EFE

Wall Street Journal: “Democracia no Brasil está a morrer”

Conselheira editorial do jornal avalia que Brasil vive “censura” e que STF está “politizado”

Alexandre de Moraes Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O jornal nova-iorquino Wall Street Journal publicou, neste domingo (14), uma coluna opinativa escrita por sua conselheira editorial, Mary Anastasia O’Grady, em crítica à atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No texto, intitulado, Elon Musk Resiste à Censura Brasileira, a jornalista afirma que a Corte está politizada e que a democracia brasileira “está a morrer em plena luz do dia”.

O’Grady iniciou sua análise informando seus leitores de que Elon Musk, dono da rede social X, tornou-se alvo dos promotores federais brasileiros e investigado no inquérito das milícias digitais após opor-se ao bloqueio de contas de usuários brasileiros sem o devido processo legal.

– A investigação tem como objetivo descobrir uma suposta conspiração, não de comandos armados, mas de locutores. (…) Este caso não tem nada a ver com conter o domínio das grandes tecnologias ou reduzir os riscos para a democracia ou mesmo proteger as crianças das redes sociais. Esta é uma luta entre um Supremo Tribunal politizado e os críticos do presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva. Isso mostra que o Brasil não tem mais um Judiciário independente – avalia ela.

Segundo a comunicadora, o STF quer “calar os formadores de opinião cujas políticas não concorda” e que muitos brasileiros acham que “o ministro de Moraes está agindo como um tirano que acredita que o seu lado é dono da verdade”.

– Eles temem que um tribunal com tanto poder arbitrário seja um perigo muito maior para a liberdade brasileira do que qualquer voz independente, mesmo aquelas que estão à margem – acrescenta.

O’Grady prossegue afirmando que, na democracia liberal moderna, a “liberdade de expressão funciona como um freio ao poder absoluto”.

Ela destrincha os acontecimentos envolvendo à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2017, e as descobertas sobre o “maior escândalo de corrupção e suborno na história do Hemisfério Ocidental” perpetrado pela classe política brasileira.

– Em 2018, os brasileiros elegeram o presidente Jair Bolsonaro, um estranho que prometeu limpar a casa. (…) Como presidente, Bolsonaro estava longe de ser um defensor dos mercados livres e a sua linguagem era muitas vezes imprudente. Mas a sua administração restaurou a sanidade fiscal, desregulamentou partes da economia e tornou a realização de negócios menos onerosa através da digitalização – seguiu a jornalista.

Texto de Mary Anastasia O’Grady Foto: Reprodução

Ela afirma que o temor que Bolsonaro pudesse ser reeleito fez com que o STF decidisse anular a condenação de Lula, que tinha sido mantida por dois tribunais de recurso, e libertá-lo.

– Não surpreendentemente, os seus críticos enlouqueceram, partilhando a sua indignação na Internet. Moraes vinha silenciando os oponentes de Lula há meses, convidando os brasileiros a denunciar seus vizinhos. Mas à medida que a campanha esquentava, as coisas pioraram. O tribunal eleitoral instruiu cada vez mais as plataformas a bloquearem a expressão e ordenou que o YouTube desmonetizasse quatro canais brasileiros com grande número de seguidores. Também aprovou uma resolução concedendo-se o poder de policiar a Internet. O tribunal instruiu Facebook, Instagram, TikTok, Twitter e YouTube a remover conteúdo que desaprovava – enumerou a jornalista.

Ela também aponta que pessoas tiveram suas contas bancárias congeladas, os registos financeiros intimados e seus passaportes foram cancelados.

– O Congresso do Brasil não conseguiu aprovar legislação que autorize o tribunal a proibir o que subjetivamente chama de “notícias falsas”. Mas o tribunal continua a exigir que as plataformas bloqueiem o discurso. Em 6 de abril, Musk se rebelou (…) Ele não “sabe os motivos pelos quais essas ordens de bloqueio foram emitidas”. Nem “sabe quais postagens supostamente violam a lei” e é “proibido de dizer qual tribunal ou juiz emitiu a ordem, ou com que fundamento” – assinalou.

A colunista finaliza sua análise defendendo que os brasileiros tenham acesso à comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) com o X.

– Ele [Musk] ameaçou divulgar sua comunicação com o tribunal, uma contabilidade que os brasileiros merecem ver.

Juízes convocam paralisação após afastamento de Gabriela Hardt

Decisão de afastamento foi do ministro Luís Felipe Salomão

Gabriela Hardt Foto: Reprodução/Band News

A Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe) convocou uma paralisação nesta terça-feira (16), contra a decisão do ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que afastou os juízes Gabriela Hardt e Danilo Pereira Júnior e os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) Carlos Eduardo Thompson Flores e Lenz Loraci Flores de Lima.

Em comunicado, a associação afirma que a decisão viola o exercício livre da profissão. O protesto, segundo a entidade, é contra a “fragilização das garantias da magistratura”.

– As garantias da inamovibilidade e da independência funcional alcançam a sua localização física e a certeza de que estarão investidos do dever de jurisdicionar a salvo de decisões lampejantes e inopinadas – diz a convocação.

A associação também contesta os fundamentos na decisão. Segundo a Apajufe, os argumentos são “genéricos”. Outro ponto questionado é que o afastamento foi determinado na véspera do julgamento do caso no plenário do CNJ.

– Os magistrados e a magistrada atingidos pela decisão singular do Corregedor Nacional de Justiça atuam há décadas e nunca foram alvo de nenhuma investigação ou sanção administrativa. Trabalhavam hoje, dia 15/04/2024, na normalidade de sua jurisdição – afirma a entidade.

O afastamento foi determinado pelo ministro Luís Felipe Salomão depois que uma fiscalização do CNJ concluiu que houve irregularidades na gestão das multas dos acordos de delação e de leniência fechados na Lava Jato.

O ministro justificou que a investigação administrativa revelou que, no período em que conduziu os processos da Operação Lava Jato, a juíza Gabriela Hardt conversou por mensagem com procuradores da força-tarefa sobre os termos do acordo que destinaria recursos da Petrobras para a criação de uma fundação privada.

Na época, a proposta gerou pesadas críticas à Lava Jato e a força-tarefa desistiu da iniciativa. O Supremo Tribunal Federal (STF) também interveio e determinou que o dinheiro fosse destinado a investimentos em educação e meio ambiente.

A decisão afirma que a “idéia de combate à corrupção foi transformada em uma espécie de ‘cash back’ para interesses privados”.

Em relação aos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Lenz Loraci Flores de Lima e ao juiz Danilo Pereira Júnior, o corregedor do CNJ apontou que houve o descumprimento deliberado de decisões do Supremo Tribunal Federal. Foi o ministro Dias Toffoli, do STF, quem pediu a abertura do procedimento disciplinar sobre a conduta dos magistrados do Paraná.

*AE

Cravinhos suplica por perdão de Andreas von Richthofen em carta

“Palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso”, diz Cravinhos, um dos condenados pelo assassinato dos pais de Andreas

Daniel Cravinhos Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Duas décadas após o assassinato do casal von Richthofen, Daniel Cravinhos – um dos condenados pelo crime – busca o perdão de Andreas, filho das vítimas que na época tinha 14 anos e hoje está com 36. Em carta endereçada ao homem, que um dia foi seu amigo, Cravinhos expressa profunda “angústia e remorso” e destaca que seu “desejo mais profundo” é ter o perdão de Andreas, que, em sua visão, é a “maior vítima de tudo o que aconteceu”.

– Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado. Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu – diz Daniel em trecho da carta obtida pelo jornalista Ullisses Campbell, de O Globo.

Cravinhos expressa ainda o seu desejo por reaproximação e o medo de que Andreas sinta-se ameaçado por isso. Antes do julgamento, Suzane von Richthofen; que agora usa o sobrenome Magnani – também condenada pelo duplo homicídio – chegou a tentar reencontrar o irmão, mas ele registrou um boletim de ocorrência contra ela. Desde 2017, Cravinhos se encontra em regime aberto, e uma eventual denúncia de Andreas poderia botá-lo novamente atrás das grades.

– Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso? Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele – continua Daniel em sua carta.

Na missiva, o ex-namorado de Suzane afirma que o remorso pelas suas ações permanecerá com ele até o fim de seus dias e implora pela compaixão de Andreas.

– A culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias. Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia – acrescenta.

Ele recorda ainda que, duas semanas após o crime, durante a reprodução simulada, Andreas tentou abraçá-lo, mas os policiais não permitiram, e que hoje atualmente gostaria de saber se é possível que esse gesto se concretize.

– Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração. Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?

O CASO QUE CHOCOU O BRASIL
Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen foram mortos em 2002 por Daniel e seu irmão, Cristian Cravinhos, a mando da filha do casal, Suzane. O plano era simular um roubo seguido de morte a fim de ficar com a herança que seria da filha após a morte dos pais.

Suzane e Daniel Cravinhos acabaram condenados a 39 anos e seis meses de prisão, enquanto Cristian Cravinhos foi sentenciado a 38 anos e seis meses de reclusão.

Em abril, real desvaloriza mais que o peso argentino ante o dólar

Moeda brasileira se desvalorizou quase três vezes mais que o peso argentino diante do dólar

Real desvalorizou mais que o peso argentino na comparação com o dólar Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nas primeiras duas semanas do mês de abril, o real teve uma desvalorização frente ao dólar quase três vezes maior que a do peso argentino. Um levantamento realizado  identificou que, entre os dias 1° e 15 de abril, a moeda brasileira teve perda de 3,59% ante o dólar, enquanto o peso argentino teve desvalorização de 1,3% diante da moeda norte-americana.

Na cotação de abertura do mercado no dia 1° de abril, um dólar valia R$ 5,01. Já no fechamento do mercado nesta segunda-feira (15), a moeda americana estava cotada a R$ 5,19. Considerando apenas o pregão desta segunda, o dólar teve uma valorização de 1,24% frente ao real e chegou ao maior valor desde 27 de março do ano passado.

O peso argentino, por sua vez, também se desvalorizou frente ao dólar, mas em proporção bem menor que o real. Na abertura do mercado em 1° de abril, um dólar valia 857,12 pesos. No encerramento do pregão desta segunda, uma unidade da moeda americana valia 868,25 pesos.

Nos últimos dias, economistas apontaram duas razões para justificar a desvalorização do real. A primeira delas seria o temor sobre as contas públicas brasileiras. Nesta segunda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo terá meta de déficit zero em 2025, o que indica um afrouxamento do superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) anunciado em 2023.

Outro fator que tem desestabilizado o mercado é a possível resposta de Israel após o ataque do Irã. Economistas acreditam que, caso isso aconteça, os preços do petróleo subirão e vão pressionar a inflação nos Estados Unidos, fazendo com que ocorra uma possível fuga de investidores para o dólar, desvalorizando assim o real.

MÚSICA – Light Reflections – Tell Me Once Again

MÚSICA – Light Reflections – Tell Me Once Again