A crônica domingueira. Por Magno Martins

Volte, Amor: o tempo que dança no corpo do cinema; vídeo. Por Flávio Chaves

  Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc  –   Alguns vídeos não apenas nos mostram imagens, mas nos atravessam como se tivessem sido colhidos diretamente do coração da memória. A montagem do filme italiano Arroz Amargo, unida à canção Torneró, que, em português, ecoa como “Volte, amor”, produz um efeito raro, uma fusão entre cena e melodia que provoca arrepio, saudade e desejo. A dança dos corpos cobertos de lama, os olhos acesos de paixão contida, o suor que brilha sem pudor. Tudo vibra como se aquele tempo ainda estivesse vivo, escorrendo pela tela com intensidade quente e romântica.

O que se vê não é apenas um filme antigo, mas o espelho de um tempo em que amar era coisa sagrada. O corpo de Silvana Mangano, sua força sem filtros, sem maquiagens, sem bisturis, é mais que uma beleza estética. É o símbolo de um erotismo que não pedia desculpas por existir. E o homem que dança com ela não é apenas um personagem, mas um símbolo da conquista primitiva, bruta, mas repleta de ternura. O olhar que ele lança não é vulgar, é um olhar que pergunta e espera, que insiste sem invadir. Um olhar safado, sim, mas de um safado que ainda sabia ser poético.

A música, mesmo sem fazer parte da trilha original do filme, parece ter sido composta para ele. Torneró não apenas canta um retorno. Ela implora por algo que se perdeu e que, ao mesmo tempo, ainda pulsa em algum lugar. É como se dissesse: o tempo passou, mas o sentimento ficou. Ao se encontrar com essas imagens, ela produz uma combustão emocional. O filme se transforma em música. A música se transforma em cena. E nós, espectadores, nos transformamos em memória viva de um amor que talvez nunca tenhamos vivido, mas que reconhecemos como se fosse nosso.

A época retratada, e a que depois revive essas cenas nos anos 60, 70, 80 e 90, é de um tipo de amor que ousava mais. Havia fôlego de eternidade em se tocar uma mão. Existia lentidão. Existia febre. Existia a espera. Conquistar alguém era tarefa de suor, de paciência, de pulsação. Não havia filtros. Nem vozes programadas, afinadas por tecnologia. A voz da mulher era voz mesmo, com textura humana, sem parecer uma mistura de aeromoça, GPS, emboladora de coco e cantador de viola — com todo o respeito a todos eles, claro, mas sem disfarçar a ironia.

Naquele tempo, amar era vício. Era acordar pensando no cheiro da nuca. Era desejar o mesmo beijo mil vezes. Era descobrir onde o outro ria e querer provocar esse riso todos os dias. A naturalidade das mulheres encantava. A ausência de tintas e luzes fazia o coração bater com mais força, porque tudo era verdadeiro. Não se precisava moldar o rosto em parede lisa de botox para ser bela. Bastava estar presente, com seus olhos, sua boca, seus gestos. O filme Arroz Amargo, com sua fotografia suada e sua lama sensual, representa esse tipo de amor: o amor com gosto de terra, de água, de vento e de urgência.

A montagem feita com essa canção, resgatada do fundo do baú de um tempo bom, mostra que o amor, quando sincero, resiste até mesmo ao esquecimento. Ele se camufla na memória, mas basta uma imagem e uma música para que volte com toda a força. Não se trata de um passado idealizado. Trata-se de um passado que, mesmo com suas dores e ausências, sabia sentir mais fundo. Sentir com o corpo inteiro. Sentir como quem não tem vergonha de se entregar.

A música é um tormento que vai do motivo ao momento no espaço do coração. E o que esse vídeo faz é transformar imagem e som num abraço. Ele não mostra apenas uma cena antiga. Ele nos devolve algo que esquecemos que existia. A coragem de amar de olhos fechados. A beleza da imperfeição. O arrepio da espera. O alumbramento da entrega. E, acima de tudo, a vontade de gritar para o tempo: volte, amor.

Veja o Vídeo:

Vídeo: Bombeiro desafia mar revolto para salvar mulher em afogamento

    Um resgate impressionante na praia de Itacoatiara, em Niterói (RJ), mobilizou o Corpo de Bombeiros na tarde da última quarta-feira (25/6), após uma mulher cair no mar e ser arrastada pelas ondas. O salvamento, realizado em meio à força das águas e com apoio de um helicóptero, foi registrado em vídeo e viralizou nas redes sociais.
A vítima teria escorregado enquanto tirava fotos na região da Pedra do Pampo, um dos pontos elevados e rochosos da praia. Com o mar agitado e a correnteza forte, ela acabou sendo lançada ao mar e ficou presa entre as ondas e as pedras. Nas imagens gravadas por testemunhas, é possível ver que, em vários momentos, a mulher desaparece sob a água.
O responsável por alcançá-la foi o cabo Bruto, do 4º Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Ele saltou de uma rocha com uma boia de resgate e, em cerca de 50 segundos, conseguiu chegar até a mulher e estabilizá-la no equipamento.
Em relato, Bruto disse ter percebido que a vítima estava à beira da inconsciência. “Pelos movimentos, dava pra ver que ela já não tinha forças. Se eu não fosse naquele momento, ela ia afundar”, contou o bombeiro, que ainda destacou a visibilidade prejudicada pela agitação do mar. “Pedi a Deus que me guiasse, porque não dava pra enxergar quase nada.”
Após estabilizar a mulher, ele a conduziu até um trecho mais seguro da água, onde o resgate foi finalizado com o auxílio de uma aeronave do CBMERJ. O helicóptero içou os dois do mar e os levou até a areia da praia, onde uma ambulância aguardava.
O apoio do soldado Bruno, colega de farda, também foi fundamental, segundo Bruto. Ele lembrou com emoção da atuação em equipe. “Naquele momento, percebi que não estava sozinho. Isso faz diferença.”
A mulher foi encaminhada ao Hospital Municipal Mário Monteiro, em Niterói. Além dos efeitos do afogamento, ela teve ferimentos leves provocados pelo impacto com as pedras. Seu estado de saúde é estável.
Veja o Vídeo: