Valor Econômico
A Polícia Federal acredita que o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sabia que o ex-procurador Marcelo Miller atuava em favor dos interesses do grupo J&F antes de deixar o cargo público.
De acordo com o relatório da Operação Calcanhar de Aquiles, na qual Wesley Batista foi preso, mensagens trocadas entre Miller, os sócios da J&F e os advogados do grupo sugerem que Pelella conhecia o jogo duplo do ex-procurador.
No dia 5 de abril, Miller deixou oficialmente o Ministério Público Federal e viajou aos Estados Unidos para, supostamente, cuidar das tratativas do acordo de leniência da J&F com o Departamento de Justiça americano (DoJ, na sigla em inglês).
A advogada Fernanda Tortma, que atendia a J&F, afirmou no grupo de um aplicativo de mensagens ter estranhado o fato de Pelella saber previamente da viagem de Miller. “Nessa hora achei estranho ele dizer que já tinha a informação de que o Marcello iria [viajar]”, afirmou ela.
Participavam do mesmo grupo, além de Tortma e Miller, Wesley e Joesley Batista, o executivo Ricardo Saud e o diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis. A mensagem, segundo a PF, revela que membros da PGR tinham ciência do jogo duplo Miller.
Em nota, a PGR disse desconhecer o teor do relatório e afirmou se tratar “de conversas de terceiros fazendo suposições”.