O júri do ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, foi retomado por volta das 10h20 desta terça-feira (19) no Fórum Criminal da Barra Funda. O primeiro a ser ouvido é a testemunha de acusação Alberto Bazaia Neto, amigo do pai de Gil. O ex-seminarista é acusado pelas mortes de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, em março de 2004.
Ao chegar ao fórum para este segundo dia de julgamento, o réu reafirmou que é inocente. “Eu não matei. Sou inocente”, disse.
Neste segundo dia, também será ouvido o delegado Rodolfo Chiarelli, que presidiu o inquérito que investigou o caso, como testemunha de acusação. Em seguida, estão previstas o depoimento de ao menos nove testemunhas da defesa e, por último, mais uma do juízo.
O advogado de Gil, Marcelo Feller, considerou o primeiro dia de julgamento uma batalha ganha. Ainda tem toda uma guerra pela frente para ser enfrentada”. Celler afirmou que a defesa deverá apresentar nesta terça-feira um dos dois suspeitos que para ele cometeu o crime. A defesa pretende nomear o suspeito durante o depoimento do delegado Chiarelli. “Ele [o delegado] será questionado sobre linhas de investigação que não seguiu”.
Ao chegar ao fórum, o advogado Ubirajara Mangini K. Pereira, assistente de acusação do promotor Rogério Leão Zagallo no julgamento, questionou a estratégia da defesa de apresentar suspeitos para o crime durante o julgamento. “Nunca apareceram outros suspeitos no processo. Já deveria ter aparecido. Chegar agora e falar que tais pessoas são acusadas, acho que isso é um blefe”.
O primeiro dia de julgamento foi interrompido às 21h desta segunda-feira (18) com uma polêmica entre acusação e defesa em relação a um erro em um vídeo de realidade virtual feito com auxílio da perícia do Instituto de Criminalística (IC). No filme, foi apresentado o solado do sapato que seria de Rugai e a sola do réu. Mas, em vez de utilizar um sapato do pé direito, a simulação usou um esquerdo.
O advogado Ubirajara Mangini Pereira admitiu, na noite desta segunda-feira, que o ‘lapso’ no vídeo pode gerar uma dúvida nos jurados em relação à participação do réu nas mortes de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino. “Pode colocar sim (uma dúvida grande nos jurados). Agora vai caber à defesa e à acusação aproveitar isso. Nós estamos convictos quanto à conclusão dos laudos”, admitiu Pereira.
Marcelo Feller, um dos advogados de defesa de Gil Rugai, por sua vez, aproveitou o engano cometido no vídeo para tentar desqualificar todo o trabalho feito pela perícia na época bem como o depoimento do perito Adriano Iassmu Yonamine, o segundo a ser ouvido no primeiro dia de julgamento.
“Foi feito com o sapato errado. Trocaram o pé direito pelo pé esquerdo Tanto fizeram, tanto disseram , tanto queriam dizer que era o pé do Gil Rugai que fizeram o pé direito do Gil entrar no sapato esquerdo. Isso não é perícia, é pseudo ciência. Isso é piada pronta”, ironizou Feller.
Depois de dar seu depoimento no júri, Adriano Yonamine admitiu, ao deixar o fórum, o engano no vídeo, mas que este não invalida as conclusões do laudo. “Foi um engano que a gente cometeu, provavelmente na pressa, e a gente colocou a imagem invertida. Só isso. É só uma questão de imagem. Mas não afeta em nada a conclusão do laudo”, declarou.
Fonte: G1