Em meio à polêmica sobre qual será o legado da Copa do Mundo para o Brasil, pelo menos seis segmentos ligados diretamente ao turismo em Salvador – agências de viagens, locação de veículos, restaurantes, bares, lanchonetes e hotéis – não têm do que reclamar.
Levantamento feito nas 12 cidades-sedes do Mundial pela Neoway (empresa de tecnologia especializada em gerar oportunidades de negócios) mostra que de 2007, quando o Brasil foi confirmado para sediar a Copa, até a última sexta-feira, 6, estes segmentos responderam pela abertura de 139.349 novas empresas na capital baiana.
Esse volume representa um crescimento de 97% no universo de empresas constituídas nos últimos sete anos, se comparado ao período anterior, que vai de 2000 a 2007.
Um dos segmentos que registraram maior incremento foi o de bares, que em 2007 somava 724 estabelecimentos registrados (com CNPJ) e que chega a 2014 com 3.165 novas unidades, um salto de 337%.
O número de agências de viagens na capital baiana, que será palco de seis dos 64 jogos do Mundial, contabilizou expansão de 185%. O quantitativo de lojas que vendem passagens e pacotes turísticos passou de 376, em 2007, para 1.073 até a sexta-feira.
Considerado o quarto melhor destino turístico do Brasil, Salvador registrou ainda um aumento no número de hotéis. Segundo a pesquisa da Neoway, que incluiu neste item hotéis tradicionais, pousadas, hostels e congêneres, foram abertos 260 novos estabelecimentos nos últimos sete anos, com um crescimento de 32%.
A abertura de novas empresas no ramo de restaurante e lanchonete também foi significativa: expansão de 121% e 221%, respectivamente.
Melhor desempenho
O gerente de marketing da Neoway, Halph Weigand, informa que os números mostram um ambiente favorável para os negócios envolvidos com o setor de turismo em Salvador, no comparativo com o Brasil e as 12 capitais-sede dos jogos da Copa.
“De 2007 a 2014 estes setores tiveram, em todo o País, um aumento de 73% no número de novas empresas abertas. As cidades-sedes do Mundial, 76% de incremento, e Salvador, 97%”, disse ele.
Halph ressalta um outro dado: do universo de 139.347 novos estabelecimentos abertos em Salvador nos últimos sete anos, quase 87 mil dizem respeito a negócios de microempreendedor individual (MEI).
Isso mostra, segundo o executivo, que outros fatores, como facilidade de crédito, regime tributário simplificado pelo Simples Nacional, além de políticas específicas para o setor, favoreceram a legalização de muitos negócios que operavam informalmente.
“É uma mostra e os dados de Salvador deixam claro que a economia da cidade se desenvolveu, novas empresas abriram, gerou-se mais empregos e ainda tem a Copa como fator impulsionador do turismo local”, informou.
Melhor perspectiva de vendas aumentou planos de expansão
Para alguns empresários, a Copa serviu de estímulo para expandir os negócios e atrair o público do evento. É o caso da Liga Retrô, grife carioca especializada em réplicas de camisas antigas de times e seleções de futebol, que surgiu em 2006, pouco antes da Copa da Alemanha, apenas como um e-commerce.
Um ano depois, os sócios abriam as duas primeiras lojas físicas e, com a confirmação de que o Mundial de 2014 seria no Brasil, lançaram um plano de expansão, apostando em novas unidades pelo sistema de franquias. Em Salvador, a marca está presente em dois shoppings.
“Hoje temos 50 pontos de venda espalhados por 24 cidades, sendo oito delas em cidades-sede da Copa”, informou Mrcelo Roisman, um dos sócios da Liga Retrô.
Segundo o empresário, o grande crescimento da marca se deu em 2013, quando somou receitas de R$ 12 milhões. Para 2014, a estimativa é de um crescimento de 130%, com o faturamento alcançando R$ 28 milhões.
Foi apostando no pico de vendas do varejo gerado pela Copa que o empresário André Alves investiu mais de R$ 200 mil e abiu, em maio de 2013, o primeiro quiosque da marca no Shopping Barra. Um ano depois, surgia o segundo, no Shopping Salvador, e ele avisa que tem planos de instalar mais três.
“Com a Copa do Mundo é como se tivéssemos dois Natais, um no meio do ano e outro no final”, compara o empresário, numa alusão à data de melhor desempenho do comércio varejista.
com informações da TARDE