Jornalista ucraniana cria página no Facebook para relatar conflitos do país

Em meio aos confrontos na Ucrânia, a jornalista especializada em cobertura política, Kristina Berdinskich, decidiu criar uma página no Facebook para contar histórias de pessoas que tomaram a Praça da Independência, em Kiev, palco das manifestações no mês passado.
Crédito:Reprodução/Facebook
Jornalista conta histórias sobre conflitos na Ucrânia
De acordo com O Globo, o jovem Sergey Nigoyan, de 20 anos, foi um dos primeiros a integrar a página Maidaners. No entanto, foi morto em janeiro durante os protestos, dias depois de a jornalista ter feito uma entrevista com ele. Considerado como terrorista, o perfil do rapaz foi visto por mais de 100 mil pessoas e ajudou a esclarecer o mal-entendido.
“Eu estava indo para a praça todos os dias. Lá, conheci muita gente diferente: homens de negócios, desempregados, artistas, professores, operários, estudantes, veteranos da guerra do Afeganistão. Seria impossível reunir um grupo tão diverso em qualquer outro lugar. Na praça essas pessoas se uniram e se ajudaram. Os jornalistas, entretanto, escreviam basicamente sobre os políticos”, explicou ela.
Kristina havia pedido demissão da revista semanal Korrespondent, uma das principais da Ucrânia. Além dela, outros jornalistas fizeram o mesmo para protestar contra a censura sofrida com o início da crise no país. Agora, ela pretende lançar um livro até o fim deste mês com as histórias que relata na rede social.
Para ela, a iniciativa deu um retorno positivo, pois todas as pessoas sobre as quais escreveu foram muito sinceras e relatavam o que viam sem buscar benefícios em troca. “Eu tinha que explicar que não estava escrevendo sobre heróis, mas sobre pessoas comuns. O leitor sempre aprecia a sinceridade”, pontuou a jornalista.
Maidaners

A página de Kristina conta com 150 voluntários que a ajudam a traduzir os textos que possuem 18 páginas – em ucraniano, russo, inglês, alemão, francês, holandês, polonês, lituano, checo, búlgaro, italiano, espanhol, romeno, turco, grego, finlandês, bielorusso e húngaro. A publicação em inglês tem mais de 18 mil seguidores e a em ucraniano 11.800.
A repórter revelou que as pessoas sempre acompanham como os eventos na Crimeia se desdobram, mas que não pode ver a situação de perto devido ao risco. Atualmente, ela contata suas fontes pelo telefone ou pelo Facebook.
“Temo que a Rússia provoque conflitos no sul e no leste do país. Isso pode ser perigoso. Há algumas semanas, uma pessoa foi morta em Donetsk (cidade no sudoeste do país). Não acho que Putin queira somente a Crimeia, e não acredito que a situação vá se acalmar nas próximas semanas”, alegou.
Novos rumos

Segundo Kristina, o projeto vai continuar em diversos meios. Além do livro e do Facebook, estará em um site especial onde todos os relatos serão traduzidos para diferentes idiomas. Ela planeja ir até Lviv, cidade localizada no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia, para visitar refugiados da Crimeia. Ele ainda pretende escrever sobre os voluntários. “Eles fizeram um tremendo trabalho, quero que o mundo veja os seus rostos”, enfatizou.
A jornalista contou que recebe apoio por meio de muitas cartas de leitores e comentários do Facebook. Alguns deles também auxiliam no projeto financeiramente. O retorno positivo da iniciativa deixa Kristina na dúvida sobre o jornalismo político. “Agora eu escrevo sobre pessoas maravilhosas. Não tenho certeza se voltaria para a política. Estou amando escrever um blog e sonho em permanecer blogueira”, acrescentou.

 

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