Por que não te calas? Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES  –  Após a disputa do primeiro clássico – Náutico 2×1 Santa Cruz – no Pernambucano 2025, meu sentimento é de que retroagimos no tempo. Caso contrário, encontramos a justificativa para a desidratação do futebol pernambucano nos últimos anos. A verdade é que paramos no tempo e no espaço. Não acompanhar as mudanças impostas pela nova era é doloroso e cruel.

Ninguém de sã consciência cobrou, de alvirrubros e tricolores, um futebol de excelência. Ambos os times não estão capacitados para tal. A entrega e o esforço observado pelos profissionais dos dois lados eram suficientes para a satisfação do público presente ao estádio dos Aflitos, e os milhares de telespectadores que acompanharam a partida pela televisão.

O espetáculo foi arranhado pelos erros crassos cometidos pela árbitra Deborah Cecília e seu auxiliar, José Romão. “Pecados capitais”, pois interferiram no resultado do jogo. Para tamanha lambança não existe perdão, e sim, punição, razão pela qual ambos foram suspensos pela Comissão Estadual de Arbitragem por tempo indeterminado.

Entretanto, o que aconteceu de mais grotesco, abominável até, foi um áudio do presidente da FPF que vazou nas redes sociais:

“Por que vocês não vão tomar… Vocês são uns babacas, tudo frouxo. Não têm coragem de trocar tapa, trocar tiro, ficam falando besteira no celular. Vai tomar no …”.

Fica a indagação: Qual a punição para tal destempero?

Num passado longínquo, quando o rádio dominava a comunicação do futebol, cada “tribo” tinha seu bobo da corte. Eles usavam de todos os expedientes para motivar, inflamar as torcidas, principalmente em véspera de clássicos. A ordem era instigar a rivalidade. Nada acontecia nos estádios, e nas ruas da cidade, porque não havia ainda as gangues que são chamadas de Torcidas Organizadas.

Certa vez, chegou um cidadão na Federação Pernambucana de Futebol e se apresentou ao presidente, Carlos Alberto Oliveira, como representante do Santa Cruz. Oliveira lhe deu as boas vindas e o tricolor saiu-se com essa:

“Olhe presidente, eu costumo esculhambar quando julgo que meu clube foi prejudicado. Portanto, se eu disser na resenha que aqui na FPF tem corno ou fdp, na outra resenha eu peço desculpas e fica tudo certo”.

Sem querer acreditar no que estava ouvindo, o presidente Carlos Alberto Oliveira abriu a gaveta do bureau e respondeu:

“Eu lhe entendo. Mas tem um problema: no dia em que um sujeito chegar numa rádio e me chamar de corno ou fdp, eu dou um tiro na boca dele. Infelizmente não vou ter como pedir desculpas”.

O cidadão arregalou os olhos, deu meia volta e nunca mais cruzou os batentes da Federação. O episódio, mais que verdadeiro, testemunhado por mim, e por outros profissionais da imprensa, foi tão cômico que entrou para o folclore do futebol pernambucano.

Mas vale lembrar que estamos em outros tempos. Chegamos a era das redes sociais e, ao que tudo indica, o presidente Evandro Carvalho, que ocupa cargos na FPF há 38 anos, não se deu conta das mudanças.

Este ano, todas as vezes que resolveu dar entrevista vomitou alguns absurdos. Neste final de semana, ultrapassou a fronteira da tolerância.

Por que não de calas?

É um show!