Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc – No coração do Distrito Federal, um ato de cuidado e respeito à natureza marcou o início do ano: a primeira soltura de animais silvestres realizada pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), sob a coordenação do Ibama. O evento trouxe à vida o reencontro de diversas espécies com seu habitat natural, restaurando o equilíbrio e a poesia da fauna brasileira.
Entre os protagonistas desse emocionante retorno à liberdade estavam três araras-canindé (Ara ararauna), cuja plumagem vibrante refletia a alegria do voo livre; nove periquitos-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) e três periquitos-rei (Eupsittula aurea), que encheram os céus com seus cantos inconfundíveis. A cena contou ainda com um trinca-ferro (Saltator similis) e oito aves do gênero Sporophila, além de sete saruês (Didelphis albiventris), os simpáticos gambás que desempenham um papel crucial no ecossistema.
Especialistas do Cetas acompanharam de perto cada passo dessa reintegração. Um vídeo capturado durante a soltura revela o momento mágico em que as araras cruzam a linha entre a recuperação e a liberdade, deslizando entre as árvores de uma área de mata nativa. É impossível assistir sem sentir um arrepio, como se cada batida de asa ressoasse um poema de renascimento e preservação.
Esses animais passaram por processos de reabilitação que envolveram cuidados veterinários e monitoramento para garantir que estivessem aptos a sobreviver no ambiente natural. Muitas dessas espécies foram resgatadas de situações de risco, como tráfico de animais ou cativeiro, e agora têm a chance de recomeçar suas vidas como deveriam: livres e integrados ao ciclo da natureza.
A soltura não é apenas um ato de libertação física, mas também um compromisso com a biodiversidade e um lembrete da responsabilidade de cada um de nós na proteção da fauna silvestre. Ao devolvê-los à natureza, o Cetas reafirma que coexistir com o meio ambiente é essencial para a sustentabilidade do planeta.
Que o voo dessas aves e a caminhada dos saruês sejam inspirações para uma convivência mais harmoniosa entre humanos e natureza. A preservação não é apenas um dever; é uma celebração da vida em sua forma mais pura e selvagem.
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