Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc – É uma dor que transcende o corpo e a alma, esse exílio forçado que dilacera o coração. Edmundo González não partiu porque quis, não foi a saudade ou o desejo de novos horizontes que o empurraram para a Espanha. Foi a brutalidade de um regime, a mão pesada de um ditador que se agarra ao poder, o medo de uma nação envenenada pela tirania.
A Venezuela, sua pátria amada, já não era mais refúgio, mas prisão. A voz de Edmundo, que ecoava a esperança de um povo faminto por liberdade, foi silenciada pela perseguição implacável. Nicolás Maduro, com sua arrogância ditatorial, envergonha a terra que deveria proteger. Envergonha uma geração, uma América Latina que assiste, impotente, ao sufocar de um país outrora próspero.
E assim, sem o direito de escolher, Edmundo parte. O trem segue, mas seus sonhos ficam para trás, sepultados nas ruas de Caracas, entre o povo que ele não pode mais abraçar. Cada quilômetro rumo à Espanha é um pedaço de sua história que se esvai. Ele olha pela janela, mas a paisagem estrangeira não lhe fala de seus avós, de sua infância, de suas lutas. O trem segue, mas Edmundo segue vazio.
O exílio é uma violência que não se vê. É a morte de uma parte de si mesmo, é o grito que não encontra eco em solo estrangeiro. Edmundo, agora em solo espanhol, carrega consigo a angústia de quem foi arrancado de seu lugar. Ele leva consigo a dor de quem sabe que, ao voltar, não encontrará o país que deixou. Porque, quando o ditador toma o poder, rouba não só a liberdade, mas também a memória, a história e a identidade de um povo.
Nicolás Maduro, em sua recusa covarde de aceitar a vontade do povo, transformou a Venezuela em um palco de tristeza, medo e perseguição. Ele “amadureceu” apenas na crueldade. E enquanto Edmundo se afasta, seus olhos, cheios de saudade, miram um horizonte distante, sabendo que a jornada de retorno pode nunca acontecer.