Mário Quintana: 118 Anos de Poesia e Encantamento. Por Flávio Chaves

 Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc

Hoje, celebramos o 118º aniversário de Mário Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, cuja obra continua a encantar e inspirar gerações. Nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, Quintana é lembrado por sua capacidade única de transformar o cotidiano em poesia, com uma leveza e profundidade que tocam o coração de seus leitores.

Mário Quintana teve uma vida marcada pela simplicidade e pelo amor às palavras. Aos 13 anos, mudou-se para Porto Alegre, onde iniciou sua trajetória literária. Trabalhou como jornalista, tradutor e, principalmente, poeta. Seu primeiro livro, A Rua dos Cataventos, foi publicado em 1940, marcando o início de uma carreira literária repleta de sucessos.

Quintana era conhecido por sua personalidade reservada e seu humor afiado. Vivia de maneira modesta, dedicando-se inteiramente à sua arte. Passou grande parte de sua vida morando em hotéis, o que refletiu em sua obra, especialmente no livro Esconderijos do Tempo, onde ele traduz o sentimento de transitoriedade e efemeridade da vida.

A poesia de Mário Quintana é caracterizada por uma linguagem simples e direta, mas carregada de significados profundos. Ele tinha a habilidade de captar a beleza nos detalhes mais triviais da vida, transformando o comum em extraordinário. Seus versos abordam temas universais como o amor, a saudade, a infância, e a passagem do tempo, sempre com um toque de lirismo e sensibilidade.

Em O Aprendiz de Feiticeiro, Quintana demonstra sua maestria em brincar com as palavras e os conceitos, criando poemas que são verdadeiras reflexões filosóficas. Já em Caderno H, ele mistura aforismos e pequenos poemas, revelando seu olhar crítico e bem-humorado sobre o mundo.

Mário Quintana deixou um legado inestimável para a literatura brasileira. Sua obra é estudada e apreciada por leitores de todas as idades, e sua influência pode ser vista em diversos poetas contemporâneos. Ele recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

Em Porto Alegre, a Casa de Cultura Mário Quintana é um espaço dedicado à preservação de sua memória e à promoção da cultura. Localizada no antigo Hotel Majestic, onde o poeta viveu por muitos anos, a casa abriga exposições, oficinas e eventos literários, mantendo vivo o espírito dele.

Mário Quintana uma vez disse: “A poesia não se entrega a quem a define”. Talvez seja por isso que sua obra continua a encantar, pois ela não se deixa aprisionar em rótulos ou definições. Ela é livre, leve, e ao mesmo tempo, profundamente humana.

Neste dia especial, lembramos o poeta que soube, como poucos, transformar a simplicidade da vida em versos eternos. Quintana, com sua poesia, nos ensina a olhar o mundo com mais ternura e a encontrar beleza nos pequenos detalhes do cotidiano.

Que suas palavras continuem a nos inspirar e a nos lembrar da importância de sonhar, amar e viver com poesia. Parabéns, Mário Quintana, pelos 118 anos de encantamento e poesia.