Aluguel de escritório, lavagem de dinheiro e expectativa de atrair mais jogadores: conversas indicam planos para aumentar esquema de grupo acusado de manipular jogos — Foto: Reprodução/MPGO e Redes Sociais
Conversas de um grupo encontradas no celular de Bruno Lopez, acusado de chefiar as fraudes em manipulação de resultados de jogos de futebol, indicavam planos para aumentar o esquema, como lavagem de dinheiro e a expectativa de atrair mais jogadores. Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), tudo indica que os acusados planejavam concentrar as atividades em um escritório.
Os prints são do dia 10 de fevereiro deste ano. Na conversa, Bruno enviou o vídeo de uma sala, explicou como deveria funcionar e até o valor do aluguel. Logo em seguida, Ícaro Fernando, também entre os acusados, disse que, dando certo, em breve já estariam lá.
Bruno respondeu que a sala seria usada para receber jogadores, assessores e reuniões. No diálogo, os dois falam sobre a organização do esquema no escritório e que naquele fim de semana um pouco dos problemas deles acabaria e, depois [em uma data não precisa], ia fluir e poderiam até pagar antecipado os jogadores.
Em nota enviada ao g1, a defesa de Bruno Lopez disse que, como na primeira fase da operação, o crime pelo qual Bruno é acusado “é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes”. O advogado Ralph Fraga ainda afirmou que respeita o trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, mas que vai se posicionar sobre as acusações formal e processualmente no momento oportuno.
Planos para o escritório
Pela conversa, é possível ver que Ícaro chegou a dizer que era para evitar ao máximo falar por celular “para sair do flash”. Depois, Bruno planejou até a decoração do escritório.
“Metemos um piso de society, umas camisas penduradas de jogador, acabou, tá top”, falou.
Foto: Reprodução/MPGO
Apostas e lavagem de dinheiro
No grupo onde aconteceu a conversa, o MP também encontrou um diálogo sobre o planejamento das apostas do esquema (veja print abaixo).
“Em certo momento do diálogo, Ícaro Fernando diz que pretendem fazer “uma” por mês ou a cada dois meses, provavelmente se referindo a apostas manipuladas”, diz o MP no processo.
Depois deste trecho, Bruno e Ícaro ainda dizem sobre a necessidade de lavar o dinheiro vindo das apostas.
“Aquela lavadinha. Lá os caras são fechamentos meus. Damos uma % pra lavar e eles ganham. Aí já era”, falou Bruno. “Isso mesmo, mano. Vamo que vamo. Todo mundo fica feliz”, respondeu Ícaro.
Atuação em núcleos
Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.
Segundo o Ministério Público, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo. Bruno Lopez, segundo a denúncia do órgão, era o líder do núcleo de apostadores.
Os núcleos funcionavam da seguinte forma: o “Núcleo Apostadores” era formado por responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo. Eles também faziam pagamentos aos jogadores e promoviam apostas nos sites esportivos.
Também havia o “Núcleo Financiadores”. Eles eram os responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas.
Além disso, havia o “Núcleo Intermediadores”, estes eram responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos eventos esportivos.
Também havia o “Núcleo Administrativo”, que era responsável por fazer as transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados.
g1