Por CLAUDEMIR GOMES
É CAMPEÃO!
Para o torcedor, seja lá de qual time for, independente de qualquer competição, liberar este grito preso em sua garganta, não tem preço. O mestre, Nelson Rodrigues, diria que, só quem acha o contrário são os “idiotas da objetividade”. E é apostando na força da emoção, que Sport e Retrô dão início, neste sábado, a decisão do Campeonato Pernambucano de 2023.
Um título cujo registro histórico será o maior legado.
Motivo: O sucesso da Copa do Nordeste, competição que é disputada simultaneamente com os Estaduais, ganhou a preferência de oito dos nove estados nordestinos. O presidente da FPF, Evandro Carvalho, é o único defensor da disputa doméstica. Como dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, a tendência natural é que o Pernambucano seja dragado pela copa regional, o mesmo acontecendo com os demais campeonatos dos estados nordestinos.
Diria que tal cenário é uma espécie de morte anunciada. Aliás, a inclusão desenfreada de disputas no calendário do futebol brasileiro, foi um tema bastante analisado, e criticado, pelo mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, que nos mostrava, através de incontestáveis números, que o “ano só tem 365 dias, e o calendário do futebol vai ultrapassar esta marca”.
O inchaço trouxe como resultado 16 datas para as realizações da Copa do Nordeste e dos Estaduais. A medida não satisfaz nem a gregos, nem a troianos. A saída não é outra senão, deletar do calendário uma das duas competições. Tal realidade nos deixa com a quase certeza de que, o Campeonato Pernambucano está com o prazo de validade estabelecido.
O amigo, Amaury Veloso, o maior caçador de notícias da história do jornalismo esportivo pernambucano, gosta de usar a expressão: “Estamos vivendo os últimos dias de Pompéia”.
O Pernambucano é o único estadual do Nordeste bancado pela televisão. O fato é um atestado de que as disputas domésticas dão prejuízo.
A primeira edição do Campeonato Pernambucano foi disputada em 1915, tendo o Flamengo como campeão invicto. Em 1916 o Sport conquistou o seu primeiro título. A partir daí, o clube leonino passou a ter sua grandeza traduzida através de conquistas. Em 1944, o América levantou a taça do estadual pela sexta vez. Em 1943 o Sport já havia contabilizado 11 títulos. Em 1945 o Náutico comemorou sua terceira conquista do Estadual. No ano seguinte, 1946, o Santa Cruz se igualava ao América com 6 títulos.
A edição de 1975 do Pernambucano, foi um marco de crescimento para o Sport. O clube da Ilha do Retiro alcançou a marca de 20 conquistas, contra 15 do Náutico e 14 do Santa Cruz. Os rubro-negros fecharam o Século XX com um total de 33 títulos estaduais. O Santa Cruz com 23 e o Náutico com 18. Em 25 anos de disputa, ou seja, de 1976 a 2000, o Náutico conquistou apenas 3 títulos estaduais.
A chegada do Século XXI estabeleceu um equilíbrio de forças entre os tradicionais clubes recifenses. Em 22 edições do Pernambucano, o Sport conquistou 9 títulos, contra 6 do Santa Cruz e 6 do Náutico. O fato novo foi o Salgueiro que, pela primeira vez na história, levou o título estadual para o Interior, fato ocorrido na edição de 2020.
Por serem finalistas da edição 2023 do Pernambucano, Sport e Salgueiro têm vagas asseguradas nas Copas do Nordeste e do Brasil, em 2024.
Portanto, o grande legado do campeão estadual será escrever seu nome nesta página de uma história, cujo ponto final, está na iminência de ser colocado.
O Retrô busca o seu primeiro título. O Sport, o quadragésimo-terceiro.
