Por Antônio Campos*
A Fundação Joaquim Nabuco é um órgão de cultura, de pesquisa e de formação. Do Ministério da Educação. Fundado a partir de um projeto do então deputado federal Gilberto Freyre, em 1949, tem uma atuação regional da maior relevância. Alguns exemplos maiores disso estão no riquíssimo acervo, tanto no Museu do Homem do Nordeste quanto no Centro de Estudos da História Brasileira. Foi para este que, durante a nossa gestão, adquirimos o acervo do ex-governador Miguel Arraes, doado por um ato generoso do Instituto que tem o seu nome. Cerca de 270 mil itens compõem a coleção. Se impressiona pela quantidade, ainda mais forte é pela qualidade.
Ressaltamos a qualidade de uma coleção, mas podemos estender o raciocínio às outras esferas do que foi o nosso esforço no sentido da qualidade em todas as ações. Em nossa gestão procuramos colocar em prática um projeto sintonizado com aquilo que Joaquim Nabuco chamaria de uma nova abolição, ou a continuação do seu legado que prima pela inclusão social.
Dizer inclusão social implica numa responsabilidade que deve ir além da teoria, porque esta, especialmente num país de tantas carências e injustiças como o Brasil, exige a práxis. Significa traduzir em termos claros e simples na região mais rica culturalmente do Brasil que é o Nordeste, algo que sendo chamado de contrato social ou de pacto, deve ter como ponto de partida e chegada, a sociedade, o cidadão.
Nesse sentido, valorizamos o diálogo, dentro e fora da instituição. Diálogo especialmente importante quanto mais difíceis e desafiadores foram estes tempos. Tempos de turbulência política, de pandemia, de crises as mais diversas, nacionais e internacionais.
Por isso, e como tem sido durante toda a nossa vida pública, de escritor e de gestor cultural, tratamos de construir pontes, não muros; redes e parcerias, extrapolando as fronteiras da região e até do país.
Administramos a Fundação Joaquim Nabuco movidos tanto pelo orgulho de honrar o legado de Joaquim Nabuco quanto pela alegria de servir, com responsabilidade e profissionalismo, ao Estado brasileiro e ao povo do Nordeste.
Foi marcado o nosso estilo de gestão pelo cuidado com a governança, pela ênfase na transformação digital, pela modernização da instituição, pela inovação, pela economia criativa.
Tudo o que foi possível fazer sempre o fizemos no sentido do melhor para a Fundação Joaquim Nabuco e à população a quem são indispensáveis os seus serviços. Como o do cinema – e o sucesso do novo cinema do Porto Digital, proposto e inaugurado em nossa gestão comprova isto. Como o Prêmio Delmiro Gouveia de Economia Criativa e o Concurso de Frevo que tiveram a participação substantiva de todos os estados da região. Como a digitalização completa do acervo sonoro – um dos mais ricos do país – e o início da digitalização das obras raras da biblioteca. Como a celebração do bicentenário da Independência com a Universidade de Coimbra.
Citando estes exemplos, ou citando outros, do que fizemos, queremos dizer que se tratou de um trabalho coletivo, conjunto, do esforço incansável dos servidores e da nossa equipe. A melhor memória dos feitos é o sentimento de gratidão. Do que plantamos, do que colhemos e das sementes que deixamos. Que frutifiquem no melhor solo que é, e continuará a ser, a Fundação Joaquim Nabuco.
Desejamos pleno êxito à nova dirigente e sua equipe.
*Advogado, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras