Segóvia erra e fala demais: brecha para Janot bater

Investigar pontos nebulosos de ação de Miller seria o caminho

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Blog do Kennedy

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, falou demais e estreou mal no cargo ontem. Ele atirou contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Segóvia disse que a investigação que resultou na delação de executivos da JBS foi apressada. Afirmou que a mala de dinheiro entregue pelo executivo Ricardo Saud ao ex-deputado federal Rodrigo da Rocha Loures talvez não fosse suficiente para dar “materialidade” às acusações de Janot contra o ex-presidente Michel Temer.

Nas redes sociais, o ex-procurador-geral reagiu. Janot lembrou que a lei processual manda a investigação e a denúncia serem céleres no caso de réu preso, sob pena de soltura obrigatória. E sugeriu ainda que Segóvia estaria falando a mando de Temer e de outros políticos investigados.

Há inúmeras críticas que podem ser feitas ao processo que resultou nas delações da JBS. Mas o novo diretor-geral da Polícia Federal deveria ser mais cuidadoso antes de sair atirando no ex-procurador-geral da República.

A lei processual, de fato, pede investigação e denúncia céleres em caso de réu preso. Manter Rocha Loures na cadeia foi uma estratégia para acelerar a investigação e a denúncia. Mas havia um forte elemento a justificar a prisão, que era o flagrante da mala de dinheiro entregue a Rocha Loures, ex-deputado federal e ex-assessor do presidente Michel Temer.

A insinuação de Janot de que Segóvia estaria falando a mando de Temer dá ao duelo ares de briga de bar, mas o diretor-geral abriu a guarda para tomar esse soco.

Como foi realizada, a delação da JBS trouxe prejuízo ao país e ao próprio Ministério Público. Foi descoberta uma tentativa de manipular a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal. Esse episódio ainda é bastante nebuloso.

A melhor contribuição de Segóvia teria sido estrear discretamente, investigar mais e voltar ao tema se tiver dados concretos. A participação do ex-procurador da República Marcelo Miller nesse episódio ainda precisa ser mais esclarecida.

Há gente no Ministério Público querendo tapar o sol com a paneira. Existem muitos pontos obscuros. Alguns procuradores da República desejam que o assunto seja esquecido, deixando em segundo plano a ação que Marcelo Miller fez a favor da JBS enquanto ainda estava nos quadros do Ministério Público Federal, como vem descobrindo uma CPI no Congresso.

Esse é o caminho que Segóvia deveria seguir.

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