Cúpula militar se diz preocupada com o país, mas descarta a hipótese de intervir

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Villas Bôas acha melhor aguardar as eleições 

Laís Alegretti e Rubens Valente
Folha

Reunidos na última quarta-feira (1º), os comandantes militares do país aprovaram uma ata – cujo conteúdo foi obtido pela Folha – em que se dizem preocupados com a falta de tranquilidade no atual quadro político e econômico e com o impacto desse cenário nas eleições de 2018. A cúpula das Forças Armadas também dá um sinal contrário às recentes declarações de oficiais sobre intervenção militar, ao afirmar que “cabe a todos os brasileiros a mais estrita observância dos preceitos constitucionais.”

O recado vem menos de um mês após o general Antonio Hamilton Mourão, secretário de finanças do Exército, afirmar que as Forças Armadas poderiam “impor uma solução” à crise política no país.

ELEIÇÕES DE 2018 – Diferentemente da fala do general, o texto elaborado pelos chefes das Forças Armadas na semana passada sinaliza as eleições de 2018 como um marco político desejável, ao mencionar a “tranquilidade das eleições”.

“É preciso que o país construa o ambiente de tranquilidade necessário para prosseguir no esforço de superação das dificuldades econômicas, essencial para a defesa da soberania e dos interesses nacionais para que tenhamos um processo eleitoral tranquilo no próximo ano.”

Na ocasião, o general disse que uma “intervenção militar” poderia ser adotada se o Judiciário “não solucionar o problema político”, em referência à corrupção.

CONSELHO DE DEFESA – O Conselho Militar de Defesa é integrado pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, e os chefes do Exército, Marinha, Aeronáutica e Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Criado em 1999, ele tem função de assessorar o presidente da República “no que concerne ao emprego de meios militares”.

As reuniões, que ocorrem a cada dois meses, servem para ajustar e uniformizar o discurso entre as diferentes Forças, de forma a diminuir falhas de comunicação.

Segundo autoridades próximas do grupo, o texto reflete uma preocupação com a governabilidade no país e com a falta de harmonia entre os Poderes.

CRISE ECONÔMICA – A avaliação dessas autoridades é que o Brasil corre o risco de “explodir” economicamente, sem reformas importantes, e que líderes políticos estão preocupados apenas com as próximas eleições, o que desestabiliza o país.

As Forças Armadas também continuam com o entendimento de que são chamadas a atuar em áreas nas quais não têm expertise suficiente sempre que há problemas de ordem social e econômica no país. Um exemplo, segundo militares, foi a atuação na crise do sistema prisional, deflagrada em janeiro.

Procurado nesta terça (7), Raul Jungmann disse que preferia não falar por se considerar, “por razões de sigilo, impedido de comentar quaisquer assuntos, reais ou não” referentes ao conselho.

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