Pesquisa não intimida Doria, que vai acelerar a campanha pelos estados

JOÃO DORIA

Doria já marcou visitas ao Maranhão e a Goiás

Vera Magalhães
Estadão

A pesquisa Datafolha que apontou queda da popularidade de João Doria Jr. e rejeição da maioria da população de São Paulo a seu projeto presidencial não mudou os planos no QG do prefeito. O único dos recados que ecoou foi o de que é preciso acelerar, para usar o verbo preferido de Doria, as entregas do governo. Afinal, se o figurino com que Doria quer se apresentar para fora de São Paulo é o do gestor moderno e atuante, ele precisa de uma administração que tenha o que mostrar.

Os secretários estão sendo cobrados a “apertar os parafusos”. O programa de recapeamento de ruas anunciado ontem, embora já estivesse no horizonte, foi incrementado em R$ 140 milhões depois da pesquisa.

REALIZAÇÕES – A ênfase será mesmo na zeladoria, a parte mais visível – para o bem e para o mal – do governo.  Quanto à movimentação política, a ordem, ao contrário do que a leitura da pesquisa sugeriria, é também acelerar. Doria manterá as viagens (tem idas ao Maranhão e a Goiás já agendadas, por exemplo).

Aliados seus avaliam que é “natural” que quem acabou de elegê-lo prefeito reaja mal à ideia de que ele saia do cargo, mas vote nele quando a candidatura se concretizar. A queda de popularidade estava “contratada”, dizem, e atribuem o fato em muito à fama de “destruidora de reputações” da Prefeitura da capital.

Ele não estaria queimando a largada? A resposta dos estrategistas é que não: essa largada, dizem, é nacional. E, para ser conhecido no Brasil, o custo de algum desgaste local era previsto.

TUCANOCÍDIO – Enquanto isso, no Palácio dos Bandeirantes, a ordem de Geraldo Alckmin é evitar a todo custo um embate direto com Doria que seja usado de justificativa para que ele deixe o PSDB. Essa saída, avaliam os alckmistas, seria desastrosa para ambos.

A aparente cordialidade entre Doria e Alckmin não esconde, no entanto, o crescente mal-estar dos bastidores. Um dos últimos estopins foi a inesperada migração de Lula Guimarães, marqueteiro da campanha do prefeito, para o time do governador.

TEMER E MEIRELLES – Uma vez confirmado arquivamento da segunda denúncia contra Michel Temer, o governo vai voltar sua artilharia para bater bumbo na retomada do emprego. Além de alardear a criação de 1,4 milhão de postos de trabalho, a expectativa é de que o último trimestre seja melhor graças à entrada em vigor da reforma trabalhista. O discurso será de que a melhora da economia não é dissociada da política, pois sem “construção” do governo ela não seria possível.

Ao mesmo tempo, com o PSDB em eterno dilema sobre ser ou não ser governo e em disputa interna pela candidatura, cresce no PMDB e no DEM a simpatia pela candidatura de Henrique Meirelles (atualmente filiado ao PSD), antes vista com extremo ceticismo. O ministro da Fazenda foi aconselhado a ficar recolhido e não repetir a superexposição de Doria, mas já é visto como a melhor opção para defender o “legado” de Temer e ajudá-lo a recompor ainda que minimamente a biografia.

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