Líderes aliados avisam que no momento não há clima para reformar a Previdência

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Rodrigo Maia alega que não há prazo para a votação

Paulo de Tarso Lyra
Correio Braziliense

Um dia depois de o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ter garantido, durante entrevista ao programa CB.Poder, que o Palácio do Planalto tem votos para aprovar a reforma da Previdência, tudo mudou. Líderes aliados, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco, e até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disseram que, no atual momento, não há nenhum clima para votar a proposta no Congresso.

“Ainda que a base do governo tenha se mostrado relativamente sólida na votação da denúncia criminal contra o presidente da República (Temer recebeu 263 votos favoráveis pelo arquivamento da acusação), não há aquela quantidade estrondosa de votos para aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em dois turnos. De modo que o governo tem que ver com bastante cautela a possibilidade ou não de se ter 308 votos na Câmara dos Deputados”, avaliou Pacheco, ontem, durante o programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.

QUESTÃO DE TEMPO – O mais dramático para o governo é que o tempo corre contra ele. Quanto mais se aproximam as eleições de 2018, menores as chances de os deputados se exporem para aprovar uma proposta impopular, que já apresentava dificuldades para ser votada antes do escândalo da JBS. “Quanto mais se estigmatiza a reforma da Previdência como algo que viola direitos básicos em um cenário ruim de crise do país, mais difícil fica a aprovação. Então eu não sou tão otimista quanto o senador Romero Jucá”, completou o presidente da CCJ.

Durante entrevista na última terça, Jucá foi taxativo ao dizer que defende a votação da reforma na Câmara “urgente, em setembro”. Ele ainda minimizou a lacuna existente entre o número de votos dados para barrar a denúncia contra Temer e a quantidade necessária para aprovar as mudanças na Previdência. “Não são apenas os 263 votos contabilizados. Há os deputados que se ausentaram e tem parte dos que votaram contra (o presidente), mas são a favor da reforma”, pontuou.

LEALDADE – O Planalto pode até torcer o nariz para Pacheco, alegando que ainda faz um discurso com base no ressentimento por não ter sido escolhido ministro da Justiça. Não tem razões, contudo, para desconfiar da lealdade de Rodrigo Maia. O deputado do DEM, que preside a Câmara e defende a votação das mudanças nas regras da aposentadoria já no mês que vem, admitiu ontem que as coisas podem não ser tão fáceis.

E acrescentou que a votação não depende apenas dele, mas de uma grande articulação entre todos os líderes da base aliada. “Antes a gente falava que ia votar no primeiro semestre. Agora, fala no segundo. Então essa questão de data é secundária.”

FISIOLOGISMO – O acordo com os líderes aliados também esbarra na redistribuição de cargos. PP e PR cobram de Temer postos no segundo e terceiro escalões.

Com 46 deputados, o PP quer de Temer o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), controlado hoje pelo PSB. Também quer retomar o controle do Ministério das Cidades, hoje nas mãos do PSDB. Já o PR quer a Secretaria de Portos, comandada hoje pelo ex-senador peemedebista Luiz Otávio.

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