LITERATURA

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Charles Bukowski 

Um poema de amor

 

todas as mulheres

todos os beijos delas as

formas variadas como amam e

falam e carecem.

 

suas orelhas elas todas têm

orelhas e

gargantas e vestidos

e sapatos e

automóveis e ex-

maridos.

 

principalmente

as mulheres são muito

quentes elas me lembram a

torrada amanteigada com a manteiga

derretida

nela.

 

há uma aparência

no olho: elas foram

tomadas, foram

enganadas. não sei mesmo o que

fazer por

elas.

 

sou

um bom cozinheiro, um bom

ouvinte

mas nunca aprendi a

dançar — eu estava ocupado

com coisas maiores.

 

mas gostei das camas variadas

lá delas

fumar um cigarro

olhando pro teto. não fui nocivo nem

desonesto. só um

aprendiz.

 

sei que todas têm pés e cruzam

descalças pelo assoalho

enquanto observo suas tímidas bundas na

penumbra. sei que gostam de mim algumas até

me amam

mas eu amo só umas

poucas.

 

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;

outras falam mansamente da

infância e pais e

paisagens; algumas são quase

malucas mas nenhuma delas é

desprovida de sentido; algumas amam

bem, outras nem

tanto; as melhores no sexo nem sempre

são as melhores em

outras coisas; todas têm limites como eu tenho

limites e nos aprendemos

rapidamente.

 

todas as mulheres todas as

mulheres todos os

quartos de dormir

os tapetes as

fotos as

cortinas, tudo mais ou menos

como uma igreja só

raramente se ouve

uma risada.

 

essas orelhas esses

braços esses

cotovelos esses olhos

olhando, o afeto e a

carência me

sustentaram, me

sustentaram.

 

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