O SHOW TEM QUE CONTINUAR

 

Por Ricardo Noblat

Para quem tenha de depor diante de um juiz, nada mais cômodo do que fazê-lo por meio de videoconferência. Economiza tempo do juiz e do depoente. Economiza gastos do depoente e dos seus advogados com deslocamentos para outras cidades. É mais civilizado e eficiente.

Mas esse não parece ser o caso para Lula. O juiz Sérgio Moro, no último dia 20, acenou com a possibilidade de Lula ser interrogado em setembro por meio de videoconferência no processo em que é acusado de corrupção em contratos firmados entre a Petrobrás e a Odebrecht.

Moro alegou que isso evitaria “gastos indesejáveis de recursos públicos com medidas de segurança”. Referia-se ao aparato montado pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná e pela Polícia Federal em 10 de maio, quando ele e Lula ficaram pela primeira vez frente a frente.

Naquela ocasião, o PT tentou levar para Curitiba cerca de 50 mil militantes de todo o país com todas as despesas pagas. Atraiu menos de 10 mil. Mas de todo modo produziu um espetáculo com a aparição de Lula e dos dirigentes do partido em comício no centro da cidade.

É o que pretende fazer outra vez. Por isso, a defesa de Lula já informou a Moro “que não concorda com a realização do interrogatório por meio de videoconferência”. Quer que o “o depoimento seja realizado presencialmente, tal como havia sido definido pelo juízo”.

Faz parte do show. Desde o início do envolvimento de Lula com a Lava Jato, sua defesa tem privilegiado o aspecto político em detrimento do jurídico. Assim procede porque está convencida – e Lula também – de que ele tem poucas chances de escapar de uma ou de mais condenações.

O objetivo é transformar Lula em uma vítima da perseguição dos seus algozes. O espetáculo não pode parar.

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