Desde a madrugada, moradores se reuniram em algumas partes de Caracas para bloquear vias com lixo, pedras e faixas, enquanto alguns estabelecimentos permaneceram fechados.
Por Reuters
Os adversários do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, iniciaram nesta quarta-feira (26) uma paralisação nacional de dois dias em um esforço final para pressioná-lo a abandonar a eleição do fim de semana para formar uma Assembleia Constituinte, que veem como uma ameaça à democracia e à economia do país.
Milhões de pessoas participaram de uma greve de 24 horas na semana passada, em que empresas fecharam as portas, famílias permaneceram dentro de casa e ruas foram fechadas ou ficaram vazias em várias partes da Venezuela.
Desde a madrugada desta quarta, moradores se reuniram em algumas partes de Caracas para bloquear vias com lixo, pedras e faixas, enquanto alguns estabelecimentos permaneceram fechados. Entretanto, houve ainda assim um fluxo de pessoas a caminho do trabalho.
“Nós precisamos paralisar todo o país”, disse Flor Lanz, de 68 anos, enquanto bloqueava, com um grupo de mulheres, a entrada de uma rodovia no leste de Caracas com cordões e placas de ferro.
“Eu vou ficar aqui durante 48 horas. É o único jeito de mostrar que nós não estamos com o Maduro. Eles são poucos, mas eles têm armas e dinheiro”, acrescentou a decoradora Cletsi Xavier, de 45 anos.
A oposição, que tem apoio majoritário após anos na sombra do Partido Socialista durante o mandato do predecessor de Maduro, Hugo Chávez, diz que a Assembleia Constituinte planejada pelo presidente é uma farsa, elaborada somente para mantê-lo no poder.
O presidente, de 54 anos, insiste que a votação de domingo (30) acontecerá, apesar de intensa pressão no país e no exterior, incluindo uma ameaça de sanções econômicas pelos Estados Unidos.
UE preocupada com direitos humanos
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, expressou sua preocupação pelos informes sobre as violações dos direitos humanos na Venezuela, onde os opositores devem iniciar nesta quarta-feira uma greve de 48 horas contra a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro.
“Os inúmeros informes sobre as violações dos direitos humanos, o uso excessivo da força, as prisões em massa e os julgamentos de civis por tribunais militares são uma fonte de preocupação”, indicou Mogherini em uma declaração em nome da União Europeia.