Segundo a apelação, o fato de conhecer a forma como esses pagamentos deveriam ser realizados é uma prova de que ela participou da lavagem
A mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi absolvida dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação que apurou o pagamento de vantagem indevida a Sérgio Cabral e mais quatro pessoas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
O juiz absolveu a Adriana Ancelmo por falta de prova. Mônica Carvalho, esposa do ex-secretário de governo Wilson Carlos, foi absolvida pela mesma razão.
“O crime insere-se em um contexto mais amplo, revelado nestes mesmos autos, da cobrança sistemática pelo ex-governador e seu grupo de um percentual de propina incidente sobre toda obra pública no Estado do Rio de Janeiro”, diz Moro na sentença.
Os procuradores questionam a absolvição do juiz, e pedem a condenação da ex-primeira-dama do Rio por 47 crimes de lavagem de dinheiro e por ter recebido parte da propina paga, de acordo com a acusação, pelas empreiteiras. De acordo com a apelação, o fato de conhecer a forma como esses pagamentos deveriam ser realizados é uma prova de que ela participou da lavagem.
“Data venia, este entendimento não merece prosperar. Como indicado na inicial e comprovado durante a instrução processual, é certo que Adriana Ancelmo recebeu em nome de Sérgio Cabral parte dos valores pagos pela Andrade Gutierrez a título de propina, com total ciência da origem espúria do dinheiro”, argumenta a força-tarefa.
O MPF também pede, no mesmo recurso, a condenação de Mônica Carvalho e o aumento da pena de 14 anos e dois meses de prisão dada a Sérgio Cabral.
Adriana Ancelmo cumpre prisão domiciliar em um apartamento no Leblon desde abril deste ano, sem acesso à internet. Cerca de R$ 10 milhões bloqueados de contas da mulher de Sérgio Cabral foram depositados na conta da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, também por determinação de Moro.