Empresário prestou depoimento nesta segunda à Justiça Federal. Ele falou como testemunha em um processo contra Eduardo Cunha que investiga irregularidades no FGTS.
O empresário Eike Batista afirmou nesta segunda-feira (17) desconhecer influência do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na liberação de recursos administrados pela Caixa Econômica Federal para a empresa LLX para obras no porto de Açu, no norte do Rio de Janeiro.
Em depoimento à Justiça Federal, Eike Batista disse que os projetos da empresa, da qual era dono, eram tratados por executivos, e não por ele diretamente, como presidente do conselho de administração.
“Não que eu saiba [interferência de Cunha]. Eu era presidente do conselho e isso era tratado com executivos da empresa”, afirmou. A mesma resposta foi dada quando Eike foi questionado se tratou com outras autoridades, como a ex-presidente Dilma Rousseff, para obter os recursos.
“Absolutamente não. Eu era presidente do conselho e esses assuntos eram tratados pelos executivos da companhia”, reforçou.
Eike depôs como testemunha num processo contra Cunha e outros acusados de cobrar propina para liberar recursos do Fundo de Investimento do FGTS para diversos projetos de infraestrutura. Em 2012, o FGTS investiu R$ 750 milhões na LLX para obras no porto de Açu.
No depoimento, Eike Batista também negou que tenha pagado propina para obter o dinheiro. “Absolutamente não”, respondeu. Questionado se alguém cobrou propina, ele disse que não iria responder, seguindo orientação do advogado.
As suspeitas de propina a Cunha surgiram no depoimento do empresário Alexandre Margotto, ligado a Lúcio Funaro, apontado como operador do peemedebista em esquemas de corrupção e também acusado no processo.
De acordo com Margotto, Funaro contou a ele que se encontrou com Eike em um jantar em Nova York. Algum tempo depois, segundo Margotto, o investimento do FGTS na empresa de Eike foi liberado, com a autorização de Cunha.
Antes de Eike, depôs à Justiça Federal a ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho. Ela comandou o banco entre março de 2006 e março de 2011, antes da nomeação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa indicado por Cunha e que atuaria em favor dele.
Após explicar como funciona o processo de liberação de empréstimos da Caixa, ela também disse não conhecer a influência do ex-deputado no banco ou de propina envolvendo Cleto.
“Desconheço qualquer vantagem que tenha acontecido nesse período. De forma alguma”, disse.