Recessão no Brasil está perto do fim, mas crise política é risco para economia, diz FMI

O fundo melhorou levemente sua projeção de crescimento para o PIB de 2017, de 0,2% para 0,3%; para 2018, no entanto, estimativa foi reduzida de 1,7% para 1,3%.

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Por Karina Trevizan

A profunda recessão econômica no Brasil parece estar perto do fim. A avaliação é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou nesta quinta-feira (13) um relatório sobre a economia do país. No entanto, o fundo ressalva que a crise política agravou a recessão causada por desequilíbrios macroeconômicos. “Enquanto o fim da recessão parece estar à vista, um aumento recente da incerteza política lançou uma sombra sobre as perspectivas. ”

O FMI também melhorou levemente sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, de 0,2% para 0,3%. Para 2018, no entanto, o Fundo piorou suas expectativas em relação ao Brasil – de um crescimento esperado de 1,7% para 1,3%. O Fundo ressalva que fez as projeções considerando que a reforma da Previdência será aprovada.

As estimativas do FMI são piores do que a previsão do governo brasileiro, que prevê elevação de 0,5% do PIB em 2017 e 2,5% em 2018.

O consumo das famílias, segundo o FMI, só deve ser retomado em 2018. A previsão para este ano é de queda de 0,2% e, para o ano seguinte, de alta de 0,4%. “O consumo também sofreu uma grande contração, em meio a uma grave deterioração nas condições do mercado de trabalho, queda do crescimento da renda real e aperto das condições financeiras. ”

Já os investimentos, que caíram cerca de 30% desde o início de 2014, segundo o FMI, devem crescer 0,8% neste ano e 4% em 2018, de acordo com as projeções do Fundo.

Reformas e a crise política

O FMI aponta que, com apoio do Congresso e do mercado financeiro, o governo de Michel Temer vem apostando em uma agenda de reformas considerada “ambiciosa”, citando a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos gastos, que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior, e o avanço das discussões sobre a reforma da Previdência. “Indicadores recentes sugerem que a economia do Brasil está perto de um ponto de inflexão”, diz o Fundo em nota.

No entanto, o FMI aponta que as incertezas em relação à crise política têm aumentado, o que gera dúvidas quanto às perspectivas de recuperação da economia brasileira se soma a outras de bancos, consultorias e agências internacionais de risco que também mudaram suas projeções para a economia após a piora no cenário político, especialmente após as delações da JBS envolvendo o governo de Michel Temer.

Para o FMI, o principal questionamento originado da crise política é a capacidade do governo Temer de aprovar a reforma da Previdência, que, segundo o relatório, é “um passo necessário para a sustentabilidade fiscal do país”. Os resultados fiscais do Brasil, segundo o FMI, têm sido “decepcionantes”, enquanto os “índices da

O fundo aponta que a instabilidade política em meio às investigações de corrupção é a principal “fonte de risco que poderia ameaçar a agenda de reformas e a recuperação”. O FMI acrescenta ainda que, “com as eleições nacionais agendadas para 2018, a janela para a ação do Legislativo está se fechando”.

Apesar do impacto na economia, o FMI destaca que esse efeito das investigações da Lava Jato é compensado pelas melhorias na transparência e governança no país.

“A luta contra a corrupção atinge os níveis superiores da classe política. A investigação do Lava Jato, que começou em 2014, revelou décadas de práticas de corrupção. Um judiciário forte e independente prosseguiu com sucesso em investigações e processos judiciais, embora algumas das suas táticas tenham sido controversas às vezes.”

Além da crise política, sobre os fatores externos que poderiam influenciar a economia do Brasil, o FMI cita os aumentos nas taxas de juros em outros países e, “com menor probabilidade”, uma desaceleração chinesa.

Inflação

As projeções do para a inflação também mudaram, e seguem abaixo do centro da meta do Banco Central (BC), de 4,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A previsão do Fundo para a inflação de 2017 passou de 4,4% para 4% e a de 2018, de 4,3% também para 4%. Com a desaceleração da taxa de inflação nos últimos meses, o FMI aponta que há mais espaço para a queda dos juros no Brasil.

Para os anos seguintes, a estimativa é que a inflação fique acima do centro da meta do BC e feche os anos de 2019 e 2020 em 4,5%. Recentemente, o BC estabeleceu a meta de 4,25% para 2019 e 4% em 2020. Segundo o FMI, isso “aproxima o Brasil das metas de inflação de outros países”.

Analisando os motivos pelos quais a inflação está baixa atualmente, o FMI aponta que o efeito das fortes altas em 2015 dos preços administrados (ou seja, aqueles controlados pelo governo, como energia elétrica) já se dissipou. O relatório cita ainda uma baixa na produção, além da queda do dólar em relação ao real, redução das expectativas de inflação e ajuda dos preços dos alimentos.

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