…Se um adversário?, cão danado, todos a ele. Se alguém do mesmo credo, do mesmo lado, palmas. Assim é, meus senhores. Mas peço vênia para tratar, aqui, não desse alinhamento automático e tão pouco enobrecedor. E, sim, da praga do politicamente correto…
Por José Paulo Cavalcanti Filho – Escritor, poeta,membro da Academia Pernambucana de Letras e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade.
Em gravação no WhatsApp, se pode ver discurso com importante homem público dizendo: No meu governo a Petrobras não é uma caixa preta. É uma caixa branca. E transparente. Após o que completou, rindo, como se fosse algo engraçado: Não tanto assim. Mas transparente. Em frente a esse homem público estava a ministra da Igualdade Racial. Calada. E militantes de movimentos negros. Calados. A fala dizia, claramente, que preto era algo ruim. E branco, ao contrário, uma imagem do bem. Calados estavam. E calados se mantiveram. Em silêncio constrangedor. Cúmplice. Até palmas bateram.
Talvez devêssemos questionar se a fidelidade partidária, ou ideológica, deve ser prevalente em relação a princípios. Tenho dúvidas se esses personagens se manteriam inertes, impávidos, fosse outro a fazer aquelas comparações. E meu sentimento, perdão, é que não. Os direitos das minorias acabam, com essa atitude subserviente dos que aplaudem, reduzidos na sua significação. E no seu valor. Tudo a depender de quem fale. Se um adversário?, cão danado, todos a ele. Se alguém do mesmo credo, do mesmo lado, palmas. Assim é, meus senhores. Mas peço vênia para tratar, aqui, não desse alinhamento automático e tão pouco enobrecedor. E, sim, da praga do politicamente correto.
Qual seria o sentido de ser assim, livre, se não pudermos exprimir, sem limites, essa liberdade de consciência?