Aécio diz que viveu dias tormentosos e reitera: não cometi crime

Em discurso na volta ao Senado, tucano diz que nunca perdeu serenidade, reafirma que foi vítima de armação e anuncia que seguirá apoiando reformas de Temer

Aécio Neves retorna ao Senado

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, no primeiro discurso na tribuna do Senado após reassumir o seu mandato, que viveu “dias tormentosos”, mas que nunca perdeu a serenidade e o equilíbrio e reafirmou que não cometeu “crime algum” – ele é investigado em dois inquéritos pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva e obstrução de Justiça em razão das delações da JBS.

“Nesses dias tormentosos, em nenhum instante, absolutamente em nenhum instante, perdi a serenidade e o equilíbrio próprio daqueles que sabem exatamente a condução de seus atos”, afirmou.  “Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao longo dessas últimas semanas: não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagem indevida a quem quer que fosse, tampouco atuei para a obstrução de Justiça como afirmaram”, disse.

Aécio foi flagrado pela Polícia Federal em conversa telefônica com várias pessoas, entre elas o empresário Joesley Batista, dono da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões. Ele voltou a dizer que o dinheiro era referente à venda de um apartamento no Rio e acrescentou que esse mesmo imóvel foi oferecido a outros quatro empresários.

“Fui vítima de armação. Procurei, sim, esse cidadão [Joesley], cuja face delinquente o Brasil não conhecia (…)”, disse, para em seguida voltar a atacar os termos da delação fechada com o Ministério Público Federal pelo empresário, “cujos benefícios assombram e enchem de indignação a maior parte dos brasileiros”.

Ele voltou a dizer que precisou vender o apartamento para pagar a sua defesa nos inquéritos de que é alvo na Operação Lava Jato. “Isso porque não obtive jamais, em tempo algum, vantagem financeira em razão da política”, disse.

Aécio negou que o caso fosse de corrupção. “Como alguém [Joesley] pode ter pago propina se não recebeu qualquer benefício ou teve a expectativa de recebê-lo? Mas isso passou a ser irrelevante”, disse. “Não houve envolvimento de dinheiro público e qualquer outra contrapartida, o que ficará cabalmente comprovado perante a Justiça”, afirmou.

Nesses dias tormentosos, em nenhum instante, absolutamente em nenhum instante, perdi a serenidade e o equilíbrio próprio daqueles que sabem exatamente a condução de seus atos (…). Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagem indevida a quem quer que fosse, tampouco atuei para a obstrução de justiça como afirmaram”

Aécio Neves (PSDB-MG), senador

Ele também questionou a suspeita de obstrução de justiça investigada em inquérito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Citou três pontos levantados na investigação: sua atuação pela aprovação da lei de abuso de autoridade, seu apoio ao fim da criminalização do caixa dois e as críticas que fez a determinadas áreas do governo – não citou, mas se referia à PF e ao MPF.

“Esse conjunto de manifestações foi interpretado como tentativa de obstrução da Justiça. Nada mais distante da realidade”, disse, para ressaltar que sempre defendeu a Lava Jato, “apesar de reparos a serem feitos à atuação de alguns de seus membros”. Em nenhum momento Aécio citou Janot, que chegou a pedir a sua prisão. Ele também lembrou do artigo 53 da Constituição, que “assegura imunidade por palavras, opiniões e votos”.

Nostalgia

Antes de entrar na defesa dos pontos centrais da acusação, Aécio disse que iria “se deixar embalar por uma certa nostalgia” e listou o que considera alguns pontos altos de sua carreira política, como a participação, ainda jovem, na campanha das Diretas Já, sua atuação na Constituinte de 1988 e sua gestão à frente da presidência da Câmara.

Fonte: Veja

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