Kátia Abreu não, Dilma

Ricardo Kotcho – (Blog)

 Se Dilma Rousseff provou que estava certa na indicação de Joaquim Levy, Barbosa e Tombini, o mesmo não se pode dizer da anunciada nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Tem coisa que pode e tem coisa que não pode. Kátia Abreu não pode, pelo conjunto da obra pregressa. Seria o mesmo, por exemplo, que nomear Paulo Maluf para o Ministério das Cidades ou lhe entregar as chaves do Banco do Brasil.

Parceira de Ronaldo Caiado e seus coronéis na famigerada União Democrática Ruralista (UDR) dos tempos da ditadura militar, que de democrática nada tinha, Kátia Abreu sempre esteve lutando do lado exatamente oposto aos que, no PT e fora dele, defendem como razão de viver a reforma agrária, a proteção do meio ambiente, a agricultura familiar, a demarcação das terras indígenas e dos quilombolas.

A política também é feita de símbolos _ e Kátia Abreu, hoje presidente da Confederação Nacional da Agricultura, simboliza o que há de mais reacionário, intolerante e autoritário neste importante setor da vida nacional. Não é possível que Dilma não encontre outro representante do agronegócio para ocupar este ministério. Alguém com o perfil de Roberto Rodrigues, por exemplo, um líder realmente democrático e capaz em seu ofício, que fez campanha para José Serra, em 2002, foi ministro da Agricultura de Lula, a partir de 2003, e agora apoiou Aécio Neves. Não tem problema. Como dizia o velho amigo José Alencar, vice de Lula, um sábio sem diploma, o importante não é a cor do gato, mas que ele seja capaz de caçar o rato.

Governo tem que procurar escolher os mais competentes e mais representativos em cada área, sem se preocupar com críticas de adversários nem muxoxos de aliados. Pode até descobrir depois que errou, mas não pode já começar errando. Ainda está em tempo de Dilma pensar melhor neste assunto.

Vida que segue.

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