UM PÁSSARO NA MÃO

Por Marisa Gibson

Diz a sabedoria popular que é melhor um pássaro na mão que dois voando e nesse compasso o PSB pernambucano, sob a liderança da viúva Renata Campos, centrou fogo na campanha majoritária da Frente Popular, deixando em banho-maria a questão nacional, cuja nova chapa deve ser anunciada até amanhã. Durante o encontro ontem com integrantes da Frente, a ex-primeira dama do estado foi taxativa: “Vim porque sei da vontade dele (Eduardo) e da importância de eleger Paulo, Raul e Fernando e todo esse time”.

De fato, Eduardo Campos não admitia por hipótese alguma perder a sucessão no estado, por um motivo simples: Pernambuco era a sua base política e eleitoral. Era daqui que ele alimentava seus projetos, e é a partir desta base que os seus herdeiros – Renata, os filhos do ex-governador, e o irmão Antônio Campos – terão condições de avançar em termos políticos e eleitorais. Sabiamente, Renata ainda não disse nem sim nem não sobre a pressão para que seja vice de Marina, deixando todas as possibilidades em aberto. Embora a comoção pela morte do marido empurre Renata para a vice-presidência, é preciso saber como o país está reagindo a esse viés eleitoral do desaparecimento de Eduardo, para que não sejam adotadas estratégias erradas. Uma coisa é se comover e se sensibilizar com uma morte tão precoce, e, outra, é achar que se está sendo induzido a uma escolha face a um acontecimento tão trágico. Há que se considerar também que a inserção de Renata na cena nacional terá um efeito imediato na campanha de Paulo Câmara. Se ela aceitar a vice e, junto com Marina, deslanchar, tudo bem. Porém, se o efeito for o contrário, as chances de Câmara tendem a diminuir.

Acrescente-se ainda que o PSB nacional revive suas ásperas disputas internas, com uma ala impondo a Marina um termo de compromisso para que possa ser ungida cabeça de chapa. Uma exigência intrigante e a ex-ministra surpreenderá se se submeter a isso. Enfim, como é o PSB estadual que pode garantir um futuro político para o grupo Campos, é mais prudente, portanto, que dona Renata centre sua fortaleza na eleição de Câmara para governador. Não se pode ir para o nacional sem uma retaguarda estadual.

Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

fonte:DP

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