Assim é se lhe parece

Carlos Brickmann

 Os suspeitos preparam as perguntas, que entregam a parlamentares amigos; os parlamentares amigos fazem as perguntas que os suspeitos pediram que fizessem; os suspeitos respondem às perguntas que eles mesmos fizeram e os parlamentares amigos, que fingiram fazer as perguntas a sério, se dão por satisfeitos.
É um escândalo, claro – mas um escândalo comum, que se repete sempre que há CPI.

A diferença é que desta vez a tramoia foi filmada. O grande escândalo é outro: é o comportamento da oposição. Se a bancada da situação só faz perguntas combinadas, por que os oposicionistas não levantam as questões que devem ser levantadas? Cansaço? Difícil: neste ano, o que não faltou foram dias de folga. Conhecimento? Difícil: o que não falta aos nobres parlamentares é assessoria, fora amplos recursos para estudar e decifrar o caso. Disposição?

Talvez este seja o grande problema. Aproveitar a compra da Refinaria de Pasadena, EUA, para desgastar o Governo, é coisa que rende manchetes e não dá trabalho. Mas provar que ali foi gasto um montante injustificável já são outros quinhentos. Exige que o parlamentar faça o detalhamento das acusações, expondo-se a eventuais erros, e pode levar a conflitos com entidades que costumam colaborar em todas as campanhas eleitorais, o que inclui a dos partidos e parlamentares de oposição.

O fato é que a campanha eleitoral é cara e que as tetas em que se alimentam Suas Excelências, de todos os partidos, pertencem às mesmas vacas leiteiras. Tirar-lhes o verde pasto prejudica a todos.

Silêncio, pois, que silêncio vale ouro.

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