Morre aos 87 anos escritor e dramaturgo Ariano Suassuna

Em agosto do ano passado, ele sofreu um infarto do miocárdio e um aneurisma cerebral

O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, de 87 anos, morreu nesta terça-feira (22). Ele estava internado desde a noite de segunda (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia na mesma noite após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.

Em agosto do ano passado, ele já havia sofrido um infarto do miocárdio e um aneurisma cerebral. Autor de obras como “O Auto da Compadecida”, “Uma mulher vestida de sol” e “Romance da Pedra do Reino”, Ariano Suassuna foi o idealizador do Movimento Armorial, na década de 1970 – arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina em todas as áreas música, dança, artes plásticas.

Ele foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Suassuna deu aula-espetáculo na sexta-feira, em Garanhuns, no agreste pernambucano, dentro da programação do Festival de Inverno da cidade, quando falou sobre o compositor pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (1904-1997), autor de frevos consagrados.

Vida dedicada à cultura
Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no Sertão paraibano. Mudou-se com a família para o Recife em 1942. Ele continuou ativo mesmo com problemas de saúde e falava sobre a morte, como em sua última visita a Salvador, na quarta-feira passada. Em dezembro de 2013, em uma de suas aulas-espetáculo, ele também falou do tema.

“No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra”, afirmou.

Suassuna foi secretário estadual de Cultura no período 1994-1998, durante o governo de Miguel Arraes (1916-2005) e assumiu o mesmo cargo, como secretário especial no primeiro mandato do governo Eduardo Campos (PSB), neto de Arraes, em 2007.

Seu foco sempre foi o da valorização da cultura popular, posicionando-se também contra qualquer estrangeirismo da língua portuguesa.

Engajado na campanha presidencial de Campos, esteve presente no lançamento da sua candidatura em Brasília e participou, no dia sete, de um encontro da militância do candidato, no Paço Alfândega, no Recife.

Adaptação do “Auto da Compadecida” fez sucesso (Foto: Divulgação)

O escritor era torcedor do Sport Recife. “Eu acho o futebol uma manifestação cultural que tem muitas ligações com o carnaval”, afirmou na época de uma homenagem do Galo da Madrugada, maior bloco de rua – ele pediu que as cores vermelho e preto, do clube, fossem usadas na decoração.

com agências

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