Brasil, um país de todos

Carlos Brickmann 

Enquanto se discute aquela merrequinha, um reles bilhãozinho de dólares enterrado na Refinaria de Pasadena, um escândalo muito maior está pondo a cabeça de fora: a Siemens, multinacional alemã que abriu os debates sobre o cartel metroferroviário, assinou Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público paulista pelo qual entregará contratos, comprovantes de transferências de dinheiro (inclusive os arquivados na Alemanha), todos os documentos; e trará, pagando integralmente as despesas, testemunhas do Brasil e do Exterior.

E por que as investigações podem mostrar muito mais dinheiro esquisito do que a Refinaria de Pasadena? Porque só o Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Governo Federal, investiga 15 projetos, em São Paulo, Rio, Brasília, Rio Grande do Sul, que envolvem algo como US$ 4 bilhões; e a CBTU, federal, que cuida de trens urbanos e metrô em João Pessoa, Maceió, Natal, Belo Horizonte e Recife.

Os projetos passam por Governos dos principais partidos que se alternam no poder – um acusando os outros de corrupção, mas nenhum mostrando como é que os malfeitos aconteciam (até porque continuam acontecendo). O máximo que acontece, para um revelar o que sabe dos outros, é a ameaça que a ex-ministra Gleisi Hoffmann acaba de fazer: já que haverá investigação sobre Pasadena, então tentará investigar as roubalheiras atribuídas a adversários.

O Brasil é um país participativo – e como tem gente participando! Como diz o sambista Bezerra da Silva, ‘se gritar pega, ladrão!/ não fica um, meu irmão (…)’

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