RENATO RIELLA (Blog) As pessoas discutem as prisões resultantes do Mensalão, mas o fato mais representativo da impunidade no Brasil ocorreu esta semana, com a prisão do ex-assessor do Senado José Carlos Alves dos Santos. Em 1993, ele foi preso por desvio de muitos milhões. Trabalhava na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. Junto com o presidente desta Comissão, o então deputado João Alves, “cobrava” pela liberação de emendas, fato que gerou um dos maiores escândalos do Brasil em todos os tempos. Este foi o chamado “Escândalo dos Anões”, pois cinco deputados envolvidos eram todos baixotes. José Carlos levou 21 anos para ser condenado e só agora cumpre pena por esses crimes de corrupção. Ela foi morta porque descobriu acidentalmente que ele escondia milhões em cédulas no próprio quarto do casal: atrás dos armários, debaixo do colchão… José Carlos convidou a mulher para jantar num restaurante da Asa Norte, à noite. Ao voltarem, pelo Eixão, foram interceptados por um carro com dois homens, num sequestro encomendado por ele. Só agora, 21 anos depois, o ex-assessor foi preso, depois de julgado pelos crimes de desvio de dinheiro público. Viveu esse tempo todo em Brasília, hoje casado com uma ex-aluna dele do CEUB, que já era sua amante no tempo da morte de Ana Elizabeth. O Brasil é um país atrasado, no qual um assassino publicamente reconhecido vive solto. E também podemos considerar um grande atraso a demora de 21 anos para se condenar um corrupto de tanta fama. De qualquer modo, temos de comemorar a Justiça, mesmo que tardia. Essa prisão serve de exemplo para políticos muito atuais, recheados de processos, que desafiam a Justiça diariamente. Pode demorar, mas um dia a casa cai. |