Bom senso, inteligência e um porrete

Carlos Chagas

Do Lula se diz que bom senso não lhe falta e que inteligência, lhe sobra. Dos aliados incondicionais aos adversários permanentes, todos reconhecem no ex-presidente uma espécie de instância superior capaz de conter os excessos do PT e reduzir as exigências do PMDB e demais partidos da base do governo. Tem conseguido, até, reduzir a indignação da presidente Dilma diante da desfaçatez de seus aliados em ocupar espaços no ministério. Bem como convencer os partidos para que cedam parte de suas reivindicações.

Isso até agora, porque o nó a desatar, de hoje em diante, parece daqueles que nem a espada de Alexandre conseguiria romper. Fala-se da mistura explosiva entre as eleições de outubro e a necessidade de sobrevivência  do governo e das legendas que o apóiam. A prioridade para o Lula seria a reeleição de Dilma,  mas para o PT, PMDB e penduricalhos, não é. Impõe-se a esses partidos manter e ampliar suas conquistas eleitorais, em especial o número de seus governadores, deputados e senadores. Eles imaginam obter sucesso através da ocupação de mais ministérios e altos postos na administração federal. Só que  não dá para todos.

Na disputa pelos governos estaduais, PT e PMDB não se  entendem nem se mostram dispostos a ceder, um, a cabeça de chapa para o outro. Das  discordâncias surgem ameaças. Peemedebistas falam em não apoiar o segundo mandato para Dilma e companheiros levantam a hipótese de substituir a presidente pelo  antecessor, como candidato.  Trata-se de exageros de parte a parte, mas levam à conclusão de que daqui para a frente tudo vai ser diferente, até outubro.

O Lula era esperado em Brasília, ontem, senão para conversar com deputados e senadores, raros nessa semana  de Carnaval, ao menos para conter o ímpeto de Dilma em congelar os entendimentos, negando contemplar  as exigências de sua base.

Bom senso e inteligência poderão não ser suficientes para levar outra vez a paz à  aliança estabelecida há dez anos. Um porrete talvez se faça necessário, ao menos para alertar os setores em rebelião das péssimas conseqüências de levarem a crise à últimas conseqüências.

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