O MUNDO É POR AÍ

CARTAS DE AMOR

                                                                               por  VALMA DANTAS

Por onde andam as cartas de amor?
Vivemos o tempo da instantaneidade. Tudo ocorre muito rápido e com velocidade espantosa. Com a “modernidade”, os ciclos de “upgrades” cada vez mais, estão extinguindo alguns velhos e bons hábitos, nem sempre por culpa da tecnologia, mas em parte pela cultura adquirida pelas pessoas ao longo dos seus séculos. Fomos obrigados a nos adaptar a esse modernismo seco e sem brilho. Não foram apenas os objetos que se tornaram obsoletos ao longo do tempo. A forma de se relacionar com o outro também sofreram grandes e lamentáveis abalos. As pessoas não têm mais tempo nem interesse de se aproximarem de outra sem pressa, de conhecer, de cativar.Ser romântico nos dias de hoje é ser piegas. E ainda chamam-nos de seres evoluídos dentro de uma sociedade moderna.
Sim, de certa forma ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais, mas hoje vivemos vacinados contra as armadilhas do percalço da vida, e se a própria lei atualmente, nos protege dizendo que nenhum cidadão é obrigado a forjar uma prova contra si, quem seria louco suficiente hoje em dia para escrever uma carta de amor?
Não sou contra e-mails, scraps, depoimentos, tuitadas, postagem, sms ou qualquer outro recurso que a internet disponha para que você e eu românticos modernos, possam já ter usado para expressar todo o seu “amor” por alguém. Perguntem aos seus avós, provavelmente eles devem possuir uma antiga carta de amor guardada em algum lugar, esse tipo de coisa não dá pra se apagar ou excluir assim tão fácil.
Escrever cartas de amor leva tempo, e já começam a serem escritas antes mesmo da caneta tocar no papel, é algo que já vem sendo elaborado dentro do coração, quando os sentimentos já não conseguem mais calar dentro de nós… São eternas, se não no papel, na memória de quem as recebe. Possuem a essência e a personalidade de quem às escreve. Os sentimentos ficam expostos, pois a pessoa desnuda sua alma.
Deixar essa prova tão substancial como na mão de outros é um preço que a sociedade atual não está mais disposta a fazer. Cartas de amor são válidas em juízo e logo, podem ser usadas contra você em algum tribunal da vida. Essa é uma das grandes perdas adquirida por sermos modernos demais.
Definitivamente nasci na época errada… Estava há pouco me deliciando com a leitura de algumas cartas de amor.Compartilho com vocês esse deleite.

Carta de Amor de Heloísa à Abelardo
(Epistola Secunda)

“Jamais (Deus o sabe) procurei, em ti, senão a ti mesmo. Somente a ti desejei, não as tuas coisas. Nada esperei do contrato matrimonial, nem vantagens de qualquer espécie, nem tampouco procurei (como sabes) fazer meus desejos nem minhas vontades, mas os teus. E, mesmo que o nome de esposa parecesse mais santo e mais valioso, foi para mim sempre mais doce o de amante, ou, se não te indignares, o de concubina ou de mulher da vida, para que quanto mais por tua causa me humilhasse, maior favor obtivesse de ti e, desse modo, também menos ofendesse a glória de tua grandeza. Tu mesmo não te esqueceste disso completamente, naquela carta (à qual antes me referi), escrita para a consolação de um amigo, e te dignaste expor algumas das razões pelas quais eu me esforcei para dissuadir-te do nosso casamento e das nossas infelizes núpcias. No entanto, silenciaste muitas razões, pelas quais preferia o amor ao casamento e a liberdade ao vínculo conjugal.
Invoco a Deus como testemunha, se Augusto, Imperador de todo o Universo, se dignasse dar-me a honra do matrimônio, e me concedesse, para sempre, a direção de todo o Mundo, mais caro e mais dignificante me pareceria ser denominada tua meretriz antes que ser a Imperatriz de Augusto. Na verdade, nem sempre, quem é mais rico e poderoso é necessariamente, o melhor. A riqueza e o poder são frutos do acaso, a bondade é efeito da virtude.
Quem de preferência desposa o mais rico em vez do pobre, cobiça no marido, mais as suas coisas do que ele próprio, não pode não ser julgada de venal. A quem esta cobiça conduz ao casamento, deve-se pagamento e não amor.”

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