Campanha errada, hora errada, contra candidato errado

CARLOS CHAGAS

 

 

 

 

 

Falta experiência política a Dilma Rousseff e, pelo jeito e pela primeira vez, os conselhos do Lula deixaram de dar certo. Porque não era hora de botar a procissão na rua, a um ano e sete meses da eleição. Melhor faria se estivesse cuidando da performance de seu governo, com menos viagens pelo país e mais planejamento em Brasília para enfrentar questões prementes como a alta do custo de vida, o retorno da inflação e a seca no Nordeste. Menos para ser vista, mais para ser respeitada em 2013, a presidente desperdiça um ano de trabalho. Sem esquecer que toda campanha desgasta e aumenta o percentual de atritos, política e até fisicamente para quem já passou dos 60 anos.

Por conta da antecipação Dilma mudou para pior alguns ministérios, reforçou o PMDB já inflado e cedeu à chantagem do PR e do PDT, reabilitando líderes antes postos para fora do governo sob acusações de corrupção. Precisará avançar mais nesse pântano partidário, trocando a importância de promover reformas legais pela necessidade de atender grupos inconfiáveis, em se tratando do apoio à reeleição.

Ainda mais porque a deflagração antecipada da campanha deveu-se ao aparecimento de um candidato de mentirinha, Eduardo Campos, que aproveita a temporada para sedimentar o futuro, em 2018. Faz muita fumaça mas não queima ninguém.

Acresce que nem todas as peças encontram-se dispostas no tabuleiro. Adiantará, para Dilma, sabotar o governador de Pernambuco, se o verdadeiro adversário for Aécio Neves? E se Marina Silva surpreender? O que fará o PT caso algum pequeno partido convença Joaquim Barbosa a aceitar seu lançamento? São todas equações incompletas, enquanto a presidente desgasta-se na dupla função de candidata e de chefe do governo, sabendo que todo mundo está de olho numa presumida escorregadela antes do tempo. Até porque, existem os maldosos que supõem haver o Lula estimulado a prematura apresentação da sucessora para não fechar a janela para o seu retorno antecipado.

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