Na última quarta-feira (13/3), o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, usou o site da entidade para esclarecer as acusações sobre a suposta relação de um discurso seu com a tortura e morte do jornalista Vladmir Herzog durante o regime militar, informou o portal da Fox Sports.
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Crédito:Divulgação
Presidente usa site da entidade para se defender
Na nota oficial, que menciona o discurso feito na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 9 de outubro de 1975, durante seu mandato de deputado estadual, Marin afirma não ter incomodado a imprensa. Segundo ele, “as acusações se dispõem a alvejá-lo a serviço de interesses inconfessáveis, mas bem conhecidos”.
A nota compara a situação com o caso da Escola Base de São Paulo, fechada em 1994 após acusações inverídicas de abusos sexuais contra alunos de quatro anos. Para Marin, setores da imprensa estão se empenhando “na desmoralização de pessoas de bem, para satisfazer maus instintos, entretendo-se em atirar, em quem os mira de cima, a lama em que chafurdam esses delinquentes”.
Ele afirma não ter feito nenhuma menção a Herzog em seu discurso, dizendo apenas que “ela merecia apuração, concitando as autoridades a esclarecer o que de fato ocorria na referida emissora [TV Cultura]”.
Até abertura do site foi mudada para defesa da Marin
Entenda
Em 1975, o deputado estadual Wadih Helu, da Arena (partido da situação, durante o regime de exceção), o mesmo partido de Marin, fez um discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 9 de outubro de 1975, no qual chamou a TV Cultura, na época dirigida pelo jornalista Vladmir Herzog, de “Televisão Vietnan Cultura de São Paulo”.
Na sequência, Marin teria incitado um discurso de que na sede da TV Cultura de São Paulo havia comunistas, algo inaceitável pelo regime militar que comandava o Brasil na época.
Duas semanas depois do episódio, Herzog foi preso pelo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), cujo objetivo era combater inimigos internos que supostamente ameaçariam a segurança nacional.
No dia 25 de outubro de 1975, Herzog foi morto nas dependências da Operação Bandeirante (OBAN), centro de informações e investigações montado pelo Exército do Brasil em 1969.