Coordenador do CPJ cobra posicionamento do Brasil em relação à segurança de jornalistas

por Luiz Gustavo Pacete

  A agenda de Carlos Lauría, coordenador para as Américas do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), está cheia e não é para menos. Lauría visita o Brasil nesta semana para dialogar com o governo, entidades, empresas jornalísticas e jornalistas sobre a crescente violência contra a imprensa no Brasil.

À IMPRENSA, o coordenador do CPJ conta que outro tema muito presente nas discussões envolvendo o Brasil é um posicionamento mais firme e claro em relação ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos que vem sofrendo uma forte campanha de desestabilização por parte de países como Equador.
No ano de 2012, durante assembleia da OEA, os governos do Equador e da Bolívia sugeriram mudanças radicais na atuação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o Brasil apoiou a ideia na época. O perigoso desta decisão é permitir que a relatoria especial para a liberdade de expressão da CIDH, que tem como objetivo reduzir a censura e os crimes contra a imprensa, seja prejudicada.
“Ao mesmo tempo em que vem demonstrando importantes apoios em relação aos direitos humanos por meio de sua política específica e a atuação do ministério, o Brasil não tem expressado apoio concreto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos”. Para Lauria, a retórica do país não tem sido colocada em prática. “É necessário que o Brasil se posicione de forma especial, pois o país joga um importante papel regional”.
Lauria justifica que o esforço dos países que querem reformar o sistema é avançar para que qualquer medida que vise impedir a censura seja bloqueada. “São alguns países que querem debilitar esse sistema tentando neutralizar as atividades da comissão e reduzindo a capacidade do sistema”.
Violência contra jornalistas no Brasil
Sendo o relatório do CPJ um dos mais importantes no aspecto condições de liberdade de imprensa e proteção a jornalistas, onde o país ficou em 4º lugar como o país mais perigoso para a atuação de jornalistas em 2012, Lauría também falou sobre a onda de violência contra jornalistas que vive o País. “É algo que vem crescendo proporcionalmente, e isso preocupa muito, principalmente em uma democracia vibrante como é a brasileira”.
Apesar das dificuldades encontradas por aqui, Lauría, ou seja, eles são investigados e tratados pela Justiça. “Em um contexto em que a maioria dos países em nível global não resolve seus crimes, é importante observar o que passa no Brasil”.
Lauría destacou os casos dos jornalistas André Caramante, da Folha de S.Paulo, e Mauri König, da Gazeta do Povo, que por receberem ameaças tiveram que se exilar em outros países, mas ressaltou que muitos casos veículos pequenos e em regiões remotas do país acontecem e não ganham a visibilidade que esses dois casos receberam. “São profissionais com trajetórias, que tratam de temas importantes e que deixam de falar desses temas, toda a sociedade perde com isso”.
Joaquim Barbosa
Entre os principais compromissos de Lauría, em Brasília, está a reunião que ele terá nesta quinta (7/3) com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. A visita foi realizada um dia depois que Barbosa mandou o repórter do jornal O Estado de S.Paulo “ir chafundar no lixo”.
Na nota de desculpas, a assessoria de Barbosa mencionou a reunião que o ministro teria com Lauría. “Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque”, destacou a nota.

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