Tomado no conjunto, o show de Elton Johnem São Paulo na noite desta quinta-feira (27) não é especialmente memorável. Mas a apresentação, de cerca de 2 horas e 15 minutos, tem instantes inspirados. É um repertório concebido para celebrar os 40 anos do lançamento de “Rocket man”, um dos principais êxitos do músico britânico. No Brasil, há datas previstas para Porto Alegre (5 de março), Brasília (8 de março), Belo Horizonte (9 de março) e Recife (10 março).
Em São Paulo, ele entra em cena às 20h32, apenas dois minutos além do previsto. O público do Jockey Club está acomodado em cadeiras. Mas basta a sequência inicial de acordes da sugestiva “The bitch is back” para levantar a plateia. Levantar no sentido literal, dado que o público estava acomodado em cadeiras. E pouco importa o fato de a voz do cantor e pianista ficar neste momento um pouco sufocada pelo resto da banda.
Terminada canção, Elton John, que veste um paletó brilhoso e camisa e óculos azuis combinando, senta sobre seu instrumento. Retribui a ovação. Já na música seguinte, parte dos fãs regressa aos assentos, também por causa de pedidos de membros da organização. É hora então de o artista fazer reverência a seus admiradores, desejar “boa noite, São Paulo”, dizer que o Brasil “é um país incrível” e mandar beijos. Uma dinâmica que se repetir
Em seguida, Elton John vai mostrando sucessos como “Tiny dancer” – dedicada “a todas as garotas bonitas –, “Candle in the wind”, a citada “Rocket man”, “Daniel” e “Skyline pigeon”. Esta, a 19ª do show, é a que merece até ali a melhor acolhida por parte da audiência. A aprovação parece depender mais do significado ou da familiaridade com os clássicos do que propriamente da execução – de resto, correta. Nada de desleixo. Mas nada de tão vigoroso.
Nas baladas, contudo, o músico mostra que os graves seguem funcionando. É o caso de “Levon”, quarta do show, quando ele justifica por que seu timbre já foi habitual em estações de rádio. Agora, sua voz já não se deixa ocultar por excessos dos parceiros da banda. “Mona Lisas and mad hatters” é um exemplo. A interpretação de Elton John dá e sobra para vencer a intromissão “bandoleira” do guitarrista.
A sequência formada por “Skyline pigeon” e “Don’t let the sun go down on me” resulta. É quando a apresentação chega a seu 20º número e – curiosamente, se levado em conta o título desta última – começa a garoar.
A esta altura, há os que começam a ir embora. A opção é ruim: depois disso, virá “Crocodile rock” (com o público participativo nos “lalalás” do refrão) e “Saturday night’s alright for fighting”. Surge, enfim, um álibi para quem quiser ficar de pé de vez, com Elton John solicitando algum movimento aos fãs. A sessão “baladas” estava encerrada. Assim como o show.
Elton John sai de cena de maneira protocolar, o palco se apaga. Em breve, ele retorna: “Obrigado por ser tão gentil e generoso, Brasil”. Vem o desfecho definitivo, com a lenta “Your song” (“I hope you don’t mind, I hope you don’t mind…”. É o desfecho marcante de um evento, para o bem e para o mal, transcorrido sem surpresas, com setlist quase inteiramente previsível, a julgar por shows recentes. Mas ele sobrevive à custa do essencial: um repertório pleno de hits.
á ao longo da noite, com eventual substituição do “incrível” por “fantástico” ou adjetivo similar.