Em 2013, Pernambuco terá ao menos dois eventos literários , a Fliporto e a Bienal do Livro, pensando a relação da literatura com o futebol – isso além da realização da própria Copa das Confederações, com dois jogos no Estado. De olho em um mercado literário ávido para falar de narrativas sobre o esporte preferido do País, os escritores, roteiristas e jornalistas José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta publicaram agora no início do ano o livro Nove contra o 9 (Objetiva, 117 páginas, R$ 30), misto de história policial com obra de humor, recheada de trocadilhos sobre o mundo do futebol e reviravoltas no enredo.
A dupla já tem experiência na escrita em conjunto: são nove livros publicados, incluindo O evangelho de Barrabás e Os oito pares de sapatos de Cinderela. Além disso, o trabalho como roteiristas merece destaque. Torero, por exemplo, tem no currículo uma indicação ao Oscar, em 2001, por ter escrito o argumento do curta-metragem de animação Uma história de futebol. Pimenta também tem investido no futebol no audiovisual: escreve o roteiro dos episódios da elogiada série (fdp), da HBO, que mostra a vida de um árbitro no Brasil.
Em Nove contra o 9, o subtítulo já dá o tom da obra: Detetives de segunda desvendam assassinato de centroavante de quinta. Torero e Pimenta constroem uma sátira de histórias de detetive utilizando como pretexto a misteriosa morte de um jogador de futebol, o lendário (apesar de ruim) Beleza, ídolo do time do Banânia Esporte Clube.
O caso é tomado pelos quase trambiqueiros Zé Cabala e o anão Gulliver, narrador da obra, cuja altura é sempre alvo de piadas. Ambos estão escapando das polêmicas que arranjaram tentando prever – em vão – os resultados de partidas. Na cidade, ouvem pela rádio a morte em campo de Beleza logo após o jogador comemorar o seu milésimo gol. A aparência de fatalidade vai embora quando descobrem que a morte do atacante foi provocada por um veneno.
No improviso, os dois oferecem seus serviços de detetives, mas a viúva e a família não têm interesse em pagar a investigação. Só quem aceita financiar os detetives são a únicas pessoas da cidade que estão de luto (além dos torcedores): as prostitutas, que tinham em Beleza um cliente privilegiado e um financiador de orgias.
Fonte: jconline