O assédio sexual nos câmpus em 128 atos. Do PORTAL METRÓPOLES

Museu de Arte Contemporânea de Olinda segue fechado desde 2017

    Um dos maiores patrimônios da arte moderna e contemporânea do Brasil, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), localizado no Sítio Histórico de Olinda, permanece de portas fechadas há mais de sete anos. O que deveria ser um espaço de encontro entre a arte e o povo tornou-se um símbolo de abandono e descaso.

O fechamento ocorreu em 2017, ainda durante o governo de Paulo Câmara (PSB), que comandou o Estado por dois mandatos consecutivos, de 2015 a 2022. Ou seja, o museu ficou inativo durante os últimos cinco anos da gestão dele. Nesse longo período, mesmo diante de alertas sobre a deterioração estrutural, riscos de segurança e repetidos apelos da classe artística e intelectual, o governo da época não apresentou soluções efetivas para a recuperação e reabertura do MAC-PE.

O prédio histórico, que foi uma antiga prisão eclesiástica do século XVIII, abriga, ou deveria abrigar, um acervo com mais de quatro mil obras de arte, incluindo peças de nomes consagrados como Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Francisco Brennand. Hoje, esse acervo encontra-se armazenado de forma improvisada em galpões no bairro do Varadouro, enquanto o edifício principal segue interditado, com graves problemas de infraestrutura: rachaduras, infiltrações, risco de desabamento e total ausência de um sistema de segurança moderno.

RICARDO MOURA/FUNDARPE

Imagem interna do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, localizado em Olinda, em 2010 – RICARDO MOURA/FUNDARPE

Em abril deste ano, já sob a gestão da governadora Raquel Lyra, a Fundarpe lançou um edital de licitação para a requalificação do espaço, com valor previsto de R$ 4,5 milhões. O projeto prevê reforço estrutural, implantação de acessibilidade, climatização, modernização das instalações elétricas, sistema de combate a incêndios e a restauração das áreas internas e externas.

Agora, chegou a hora da governadora Raquel Lyra mostrar para que foi eleita. Com sua sensibilidade, compromisso com a cultura e responsabilidade pública, espera-se que ela corrija essa falha herdada do governo anterior e devolva o MAC-PE ao povo pernambucano. A reabertura desse importante equipamento cultural representará não apenas um ato de reparação histórica, mas também uma demonstração clara de valorização da arte, da educação e da memória do Estado.

A sociedade civil, os artistas, os escritores, os professores, os produtores culturais e todos os amantes da arte precisam se mobilizar. Uma alternativa concreta seria a articulação de um projeto que permita a captação de recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), desde que haja o devido enquadramento técnico e jurídico para tal. Isso abriria espaço para que a iniciativa privada também participe ativamente desse esforço coletivo.

O que não se pode mais admitir é que Pernambuco siga privado de um dos seus principais espaços de difusão artística. O MAC-PE precisa voltar a pulsar, a respirar, a receber estudantes, turistas, pesquisadores e todos aqueles que reconhecem na arte um instrumento essencial de transformação social.

OLHA PRO CÉU. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES – “Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo”. Em 1951 o grande Luiz Gonzaga gravou pela RCA Victor – Olha Pro Céu – que ao longo dos anos se tornaria um dos hinos dos festejos juninos no Nordeste. A letra, feita em parceria com José Fernandes, ressalta a beleza de uma das festas mais populares da região, e berço de tantos amores.

No final dos anos 50 Gonzaga fez uma apresentação no Dispensário São José, em Carpina. Embora eu fosse um menino, o Rei do Baião me despertou a atenção. Nunca esqueci a intimação: “Olha pro céu meu amor!”.

E eu olhava para o céu deslumbrado com as figuras formadas no meu imaginário pelos movimentos das nuvens. A descoberta das estrelas; o Cruzeiro do Sul; a Estrela Dalva…Ah! Como me encantava o balé dos vagalumes. Eu me deitava no chão para desfrutar do encantamento dos efeitos visuais causados por aqueles pequenos seres vivos e luminosos.

Em 1973, no topo dos meus 21 anos, Ney Matogrosso dá um grito de alerta com – Rosa de Hiroshima – para acordar uma juventude embevecida pelos Beatles e Rolling Stones. O poema de autoria de Vinícius de Moraes, feito em 1946 para ressaltar os horrores causados pela bomba atômica que os Estados Unidos lançaram no Japão, nos é apresentado em forma de canção através da irreverência dos Secos & Molhados.

A Rosa de Hiroshima, um cogumelo de horror, nos mostrava que no mundo existia outros céus que contrastavam com aquele do hino de amor de Luiz Gonzaga, que parece restrito ao nosso Nordeste.

O céu de Paris, que serve de palco para as apresentações da Esquadrilha da Fumaça com seu colorido azul, branco e vermelho, como se estivesse pintando uma tela de Claude Monet. O céu da Capadócia com seus lindos e sedutores balões coloridos. O céu da Disney iluminado com um deslumbrante show pirotécnico…

A terceira idade me chega com a velocidade da era digital. A reboque trouxe o medo de olha para o céu. Talvez porque não escuto mais o apelo de seu Luiz Gonzaga. A meninada agora corre atrás de um tal de Safadão.

A televisão me mostra as mudanças de cenários. As luzes que vemos cortando o céu do Rio de Janeiro, não são dos vagalumes, são balas de fuzis anunciando os confrontos entre a Polícia Militar e as facções criminosas. Os bordados que vemos no céu de Israel, e no céu do Irã, não são oriundos dos movimentos das nuvens. São drones criminosos que ceifam a vida de inocentes que nada têm a ver com a insanidade dos “donos do mundo”.

As imagens dos efeitos causados pela bomba atômica lançada em Hiroshima deixaram a humanidade indignada, com medo dos horrores da guerra.

Hoje, os bombardeios que chancelam as várias guerras em curso pelo mundo afora, merecem menos destaque que o Mundial de Futebol de Clubes. O mundo parece não temer mais os efeitos da guerra. Os Estados Unidos não têm apenas uma Rosa de Hiroshima, mas um buquê de rosas nucleares.

Noite de 21 de junho em Gravatá. O céu nublado não nos permite fazer nenhuma leitura do que está escrito nas estrelas. Nas ruas, uma multidão se acotovela para ver Safadão. Nunca se viu tamanha população flutuante na cidade. Tapas, empurrões e muito trabalho para o SAMU.

Viva São João! As bombas? Os Estados Unidos as soltam pra valer do outro lado do planeta.